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tree | INF1 Vive, sim senhor.
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tree | INF1 Tenho, sim senhor.
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tree | INF1 É.
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tree | é um senhor que [vocalização] [pausa] Quem vem do aeroporto, [pausa] quem vem da vila para o aeroporto,
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tree | da vila,
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tree | INF1 tem uma estrada para aqui, que vem para a gente,
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tree | e tem outra que vai para o coisa.
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tree | esquerda, tem uma casa um um refo-, um refug-.
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tree | INF1 Uns [vocalização], qua- Mais ou menos quantos metros, Afonso, para chegar àquele [vocalização] [pausa] ao poço da água?
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tree | INF2 De onde?
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tree | INF1 De [vocalização] acolá, à partilha daqui da Camacha para o [vocalização] aeroporto?
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tree | INF2 Cinquenta metros.
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tree | INF1 Mais ou menos uns cinquenta metros.
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tree | E- Ele depois tem,
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tree | aquele reforço, que é da água
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tree | e depois tem uma entrada com uma casa velhinha ali.
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tree | E é mesmo ali naquela casa,
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tree | perguntam onde é a casa do Senhor Ab- Senhor Abdão, que eles vão-lhe dizer.
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tree | Ah, se esse se–
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tree | Agora, é que, já se sabe, está um senhor velhote e [vocalização] já não [vocalização]…
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tree | INF1 Ele, ele até Ele até tem um casal consigo por causa que a mulher morreu
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tree | e ele agora [pausa] tem esse casal consigo.
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tree | INF1 Ora, fazia-se o pão…
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tree | Quando era de trigo da terra, peneirava-se a farinha, [pausa] duas vezes
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tree | e depois é que [pausa] se deitava dentro da vasilha.
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tree | Era uma va- Podia ser uma vasilha de pau
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tree | e podia ser uma vasilha de barro
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tree | e, agora, praticamente, é nestas [vocalização] banheiras plásticas.
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tree | Tenho a minha banheira que é mesmo só daquele [vocalização] serviço.
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tree | INF1 Era uma selha.
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tree | INF1 Uma selha ou um alguidar.
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tree | Quando era redondo, que havia, dum [vocalização] dum tronco de madeira, fazi- de primeiro faziam:
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tree | tronco grande, cortavam um pedaço,
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tree | aquela [vocalização] parte toda
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tree | e ficava [pausa] inteiro.
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tree | [pausa] Era o alguidar.
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tree | INF1 Chamava-se o alguidar.
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tree | E [vocalização] havia outros que eram [pausa] com as tabuinhas postas, tal e qual como as cartolas.
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tree | É como as cartolas,
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tree | eram mais…
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tree | INF1 Sim senhora.
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tree | Minha mãe chegou a amassar bastantes vezes numa dessas.
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tree | E agora praticamente, isso acabaram
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tree | [pausa] e é nestas [vocalização] banheira plá-, uma banheira plástica.
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tree | INF1 Peneirava-se.
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tree | duas vezes,
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tree | [pausa] – a gente dizia – tirava-se o farelo
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tree | e depois coava-se para [vocalização] para tirar o rolão.
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tree | mesmo rolão, havia gente que fazia o pão.
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tree | Fazia o pão do rolão para [vocalização] torrar ou comer mesmo assim.
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tree | Ficava gostoso, do trigo da terra!
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tree | Esta farinha da padaria cá não tem rolão!
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tree | INF1 E a outra amassava-se, já se sabe, amassava-se o pão,
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tree | depois acendia-se o forno.
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tree | Quando a gente via que o forno estava muitos dias [pausa] sem cozer pão, dava-se-lhe mais uma coisinha de lenha para [vocalização] para fazer o desconto.
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tree | E quando a gente amassava de oito em oito dias, já se sabia, mais ou menos, o forno, [pausa] que a temperatura que andava quente
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tree | [pausa] e o pão [pausa] deixava-se a levedar na, na banh- no alguidar…
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tree | INF1 Não,
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tree | Nem é o fermento.
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tree | É o fermento e o sal.
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tree | INF2 É para ele entrar.
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tree | Aquele, filha, cabe?
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tree | INF1 Botava-se o fermento e o sal.
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tree | INF1 A gente tinha o nosso fermentinho sempre de casa.
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tree | A gente chamava só o crescento deixava-se [vocalização] .
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tree | INF1 É o crescento.
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tree | Tinha Aquilo [vocalização] é deitado numa [vocalização] tacinha e tapado
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tree | e era à noi- na sexta-feira à noite.
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tree | A gente deitava uma coisinha de água quente, oh, oh;
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tree | [pausa] deitava-se uma coisinha de água quente,
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tree | [pausa] aquilo amolecia mais;
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tree | de- uma coisinha de farinha que a gente via, mais ou menos, que dava para o pão;
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tree | aquele pedacinho de fermento,
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tree | outro dia amanhecia lêvedo.
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tree | Aquele fermentozinho que a gente tinha feito.
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tree | bem abafado
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tree | e no outro dia – com licença – no outro dia estava lêvedo,
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tree | naquele pão,
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tree | depois fazia-se-lhe a acabava-se de de amassar, fazia-se assim,
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tree | uma coisinha de farinha por cima,
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tree | uma cruz,
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tree | as toalhas por cima.
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tree | [pausa] Quando a gente via que estava bom de tender para cima da mesa, tendia-se, ao [vocalização] passo que o forno ia aquecendo
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tree | e depois – estava o pão [vocalização] quente – o forno estava quente,
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tree | ,
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tree | uma rosquilhinha – faz-se uma rosquilhinha para experimentar mais ou menos o calor do forno.
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tree | Quando a gente vir que abrasa, deixa-se ficar mais um pedacinho.
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tree | Mais ali uns cinco minutos, seis minutos que a gente vê que a rosquilhinha que não [vocalização] não tostava de calor, botava-se o pão.
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tree | Depois…
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tree | INF1 Quando, às vezes Às vezes tirava-se um pão ou dois,
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tree | ,
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tree | :
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tree | "Então, ainda está pesadinho,
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tree | cozia mais um bocadinho"!
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tree | E assim é.
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tree | INF1 Batia-se por baixo,
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tree | assim,
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tree | aquilo ia coiso
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tree | aquela coisa e sentia-se mesmo [vocalização] o peso de do pão
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tree | e quando estava cozido, tirava-se e abafava-se;
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tree | para o almoço, ou com peixe, ou com carne, [vocalização] o nosso santo pão.
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tree | Sim.
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tree | Eu faz [vocalização] no sábado quinze dias, eu amassei.
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tree | Faz agora sábado quinze dias, eu amassei.
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tree | INF1 Onde é que está, minha querida?
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tree | INF1 Não havia.
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tree | INF1 Há a batata-doce
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tree | mas está quase a quatrocentos escudos.
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tree | INF1 Antigamente quem tinha de casa [vocalização] misturava.
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tree | Amassava Cozia-se a batata,
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tree | pela- descascava-se<
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tree | e depois ama- [pausa] amassava-se separado
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tree | e depois é que se deitava no pão.
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tree | bem limpinho para não levar…
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tree | INF1 Ficava.
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tree | Du- Dura mais dias [vocalização] o pão mais fofo.
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tree | E aí havia-o a maior parte do tempo era sem batata, minha filha, porque não havia batata.
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tree | INF Ah, não põem?
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tree | INF1 Além no Funchal, aquela mai- aquela parte mais das freguesias, acho que estão assim mais acostumadas a coisa.
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tree | INF1 Mas eu já tenho visto pão das freguesias, ou é ele não [vocalização] não lhe dão o fermento [pausa] que deve de ser, ou eu não sei…
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tree | INF1 É o crescento para…
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tree | INF1 É o crescentinho que fica sempre.
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tree | E [vocalização] quando a gente quer deitar um pedacinho de fermento inglês, [pausa] nunca se deita no crescento, o fermento inglês.
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tree | INF1 É à parte, junto com a farinha.
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tree | Porque o fermento inglês, indo para o crescento, apodrece mais o pão, mais depressa.
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tree | Aquele crescentozinho que a gente temos, tem que ser sempre, sempre, sempre do [vocalização] nosso de casa.
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tree | Não le- Não tem que levar fermento nenhum.
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tree | Agora a farinha cá, pode-se-lhe deitar fermento inglês, [pausa] porque [pausa] antes de, de, de [vocalização] de amassar o pão, tira-se outra vez o crescentozinho, do fermento que se fez à noite.
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tree | INF1 Para guardar.
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tree | E é assim.
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tree | INF1 Era, fa- [vocalização] Era de trigo,
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tree | é de trigo ou de cevada.
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tree | Minha mãe chegou a amassar pão de cevada [pausa] e bolo de cevada…
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tree | INF1 E bolo de centeio cá, que aí havia pouco centeio,
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tree | mas havia gente que mesmo não fazia.
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tree | Dizem que [vocalização] o centeio [pausa] com o{fp} com a cevada que ficava o pão melhor.
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tree | Mas meu pai nunca fazia assim grandes porção de centeio que chegasse a debulhar para fazer centeio para mandar moer.
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tree | Havia gente que fazia.
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tree | Aqui não é só…
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tree | Porque isto este aqui à parte ou no campo de aviação, como eu, eles têm lá um sítio, que era o sítio das Areias, que era onde a minha mãe morava.
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tree | Mas eu casei-me, à conta de Deus,
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tree | vim para a minha casa –
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tree | mas isto não estava assim,
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tree | quando eu me casei, era só [vocalização] dois quartos e uma cozi- e a [vocalização] cozinha.
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tree | Depois é que o meu marido aumentou mais esta coisinha.
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tree | E eu daqui [vocalização], [pausa] eu não via a casa da minha mãe.
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tree | Porque aqui à nossa frente, tinha um alto,
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tree | [pausa] tinha um moinho de vento
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tree | e eu não via a casa da minha mãe!
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tree | Andava para o caminho,
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tree | saía daqui,
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tree | andava para o caminho,
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tree | depois cortava no caminho velho que já se sabe que que era antes do do aeroporto
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tree | e, então, é que andava de roda e [vocalização] chegava à casa da minha mãe.
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tree | Era perto,
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tree | era os seus dez minutos.
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tree | Mas não se via a casa da minha mãe porque fazia um alto,
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tree | tinha um moinho de vento
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tree | e tinha terras de lavoura e tudo.
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tree | INF1 Então não da- não dava centeio?
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tree | Acolá, aquela parte de areia que dava centeio – que eu tinha um tio – que dava centeio, até f- serravam-lhe a [vocalização] a espiga
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tree | e do resto, faziam esteiras
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tree | e faziam barracas, na rua, [pausa] minha senhora.
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tree | Mas agora acabou tudo.
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tree | Mesmo acabou as pessoas que faziam isso
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tree | [pausa] e as nossas chuvas não têm ajudado.
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tree | INF1 As nossas chuvas não têm ajudado.
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tree | E agora tudo se importou
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tree | e tudo quer ser empregado,
|
tree | tudo quer ser empregado
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tree | e ninguém quer trabalhar.
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tree | [pausa] Ninguém quer trabalhar.
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