tree | Ah, se esse se–
tree | Agora, é que, já se sabe, está um senhor velhote e [vocalização] já não [vocalização]…
| tree | | tree | INF1 Ele, ele até Ele até tem um casal consigo por causa que a mulher morreu
| tree | e ele agora [pausa] tem esse casal consigo.
| tree | | tree | INF1 Ora, fazia-se o pão…
| tree | Quando era de trigo da terra, peneirava-se a farinha, [pausa] duas vezes
| tree | e depois é que [pausa] se deitava dentro da vasilha.
| tree | Era uma va- Podia ser uma vasilha de pau
| tree | e podia ser uma vasilha de barro
| tree | e, agora, praticamente, é nestas [vocalização] banheiras plásticas.
| tree | Tenho a minha banheira que é mesmo só daquele [vocalização] serviço.
| tree | | tree | INF1 Era uma selha.
| tree | | tree | INF1 Uma selha ou um alguidar.
| tree | Quando era redondo, que havia, dum [vocalização] dum tronco de madeira, fazi- de primeiro faziam:
| tree | tronco grande, cortavam um pedaço,
| tree | aquela [vocalização] parte toda
| tree | e ficava [pausa] inteiro.
| tree | [pausa] Era o alguidar.
| tree | | tree | INF1 Chamava-se o alguidar.
| tree | E [vocalização] havia outros que eram [pausa] com as tabuinhas postas, tal e qual como as cartolas.
| tree | É como as cartolas,
| tree | eram mais…
| tree | | tree | INF1 Sim senhora.
| tree | Minha mãe chegou a amassar bastantes vezes numa dessas.
| tree | E agora praticamente, isso acabaram
tree | [pausa] e é nestas [vocalização] banheira plá-, uma banheira plástica.
| tree | | tree | INF1 Peneirava-se.
| tree | duas vezes,
| tree | [pausa] – a gente dizia – tirava-se o farelo
| tree | e depois coava-se para [vocalização] para tirar o rolão.
| tree | mesmo rolão, havia gente que fazia o pão.
| tree | Fazia o pão do rolão para [vocalização] torrar ou comer mesmo assim.
| tree | Ficava gostoso, do trigo da terra!
| tree | Esta farinha da padaria cá não tem rolão!
| tree | | tree | INF1 E a outra amassava-se, já se sabe, amassava-se o pão,
| tree | depois acendia-se o forno.
| tree | Quando a gente via que o forno estava muitos dias [pausa] sem cozer pão, dava-se-lhe mais uma coisinha de lenha para [vocalização] para fazer o desconto.
| tree | E quando a gente amassava de oito em oito dias, já se sabia, mais ou menos, o forno, [pausa] que a temperatura que andava quente
| tree | [pausa] e o pão [pausa] deixava-se a levedar na, na banh- no alguidar…
| tree | | tree | INF1 Não,
tree | Nem é o fermento.
| tree | É o fermento e o sal.
| tree | INF2 É para ele entrar.
| tree | Aquele, filha, cabe?
| tree | | tree | | tree | INF1 Botava-se o fermento e o sal.
| tree | | tree | INF1 A gente tinha o nosso fermentinho sempre de casa.
| tree | A gente chamava só o crescento deixava-se [vocalização] .
| tree | | tree | INF1 É o crescento.
| tree | Tinha Aquilo [vocalização] é deitado numa [vocalização] tacinha e tapado
| tree | e era à noi- na sexta-feira à noite.
| tree | A gente deitava uma coisinha de água quente, oh, oh;
| tree | [pausa] deitava-se uma coisinha de água quente,
| tree | [pausa] aquilo amolecia mais;
| tree | de- uma coisinha de farinha que a gente via, mais ou menos, que dava para o pão;
| tree | aquele pedacinho de fermento,
| tree | outro dia amanhecia lêvedo.
| tree | Aquele fermentozinho que a gente tinha feito.
| tree | bem abafado
| tree | e no outro dia – com licença – no outro dia estava lêvedo,
| tree | naquele pão,
| tree | depois fazia-se-lhe a acabava-se de de amassar, fazia-se assim,
| tree | uma coisinha de farinha por cima,
| tree | uma cruz,
| tree | as toalhas por cima.
| tree | [pausa] Quando a gente via que estava bom de tender para cima da mesa, tendia-se, ao [vocalização] passo que o forno ia aquecendo
| tree | e depois – estava o pão [vocalização] quente – o forno estava quente,
| tree | ,
| tree | uma rosquilhinha – faz-se uma rosquilhinha para experimentar mais ou menos o calor do forno.
| tree | Quando a gente vir que abrasa, deixa-se ficar mais um pedacinho.
| tree | Mais ali uns cinco minutos, seis minutos que a gente vê que a rosquilhinha que não [vocalização] não tostava de calor, botava-se o pão.
| tree | Depois…
| tree | | tree | INF1 Quando, às vezes Às vezes tirava-se um pão ou dois,
| tree | ,
| tree | :
| tree | "Então, ainda está pesadinho,
| tree | cozia mais um bocadinho"!
| tree | E assim é.
| tree | | tree | INF1 Batia-se por baixo,
| tree | assim,
| tree | aquilo ia coiso
| tree | aquela coisa e sentia-se mesmo [vocalização] o peso de do pão
| tree | e quando estava cozido, tirava-se e abafava-se;
| tree | para o almoço, ou com peixe, ou com carne, [vocalização] o nosso santo pão.
| tree | Sim.
| tree | Eu faz [vocalização] no sábado quinze dias, eu amassei.
| tree | Faz agora sábado quinze dias, eu amassei.
| tree | | tree | INF1 Onde é que está, minha querida?
| tree | | tree | INF1 Não havia.
| tree | | tree | INF1 Há a batata-doce
| tree | mas está quase a quatrocentos escudos.
| tree | | tree | INF1 Antigamente quem tinha de casa [vocalização] misturava.
| tree | Amassava Cozia-se a batata,
| tree | pela- descascava-se<
tree | e depois ama- [pausa] amassava-se separado
| tree | e depois é que se deitava no pão.
| tree | bem limpinho para não levar…
| tree | | tree | INF1 Ficava.
| tree | Du- Dura mais dias [vocalização] o pão mais fofo.
| tree | E aí havia-o a maior parte do tempo era sem batata, minha filha, porque não havia batata.
| tree | | tree | | tree | | tree | INF Ah, não põem?
| tree | | tree | | tree | INF1 Além no Funchal, aquela mai- aquela parte mais das freguesias, acho que estão assim mais acostumadas a coisa.
| tree | | tree | | tree | INF1 Mas eu já tenho visto pão das freguesias, ou é ele não [vocalização] não lhe dão o fermento [pausa] que deve de ser, ou eu não sei…
| tree | | tree | INF1 É o crescento para…
| tree | | tree | INF1 É o crescentinho que fica sempre.
| tree | E [vocalização] quando a gente quer deitar um pedacinho de fermento inglês, [pausa] nunca se deita no crescento, o fermento inglês.
| tree | | tree | INF1 É à parte, junto com a farinha.
| tree | Porque o fermento inglês, indo para o crescento, apodrece mais o pão, mais depressa.
| tree | Aquele crescentozinho que a gente temos, tem que ser sempre, sempre, sempre do [vocalização] nosso de casa.
| tree | Não le- Não tem que levar fermento nenhum.
| tree | Agora a farinha cá, pode-se-lhe deitar fermento inglês, [pausa] porque [pausa] antes de, de, de [vocalização] de amassar o pão, tira-se outra vez o crescentozinho, do fermento que se fez à noite.
| tree | | tree | INF1 Para guardar.
| tree | E é assim.
| tree | | tree | INF1 Era, fa- [vocalização] Era de trigo,
| tree | é de trigo ou de cevada.
| tree | Minha mãe chegou a amassar pão de cevada [pausa] e bolo de cevada…
| tree | | tree | INF1 E bolo de centeio cá, que aí havia pouco centeio,
| tree | mas havia gente que mesmo não fazia.
| tree | Dizem que [vocalização] o centeio [pausa] com o{fp} com a cevada que ficava o pão melhor.
| tree | Mas meu pai nunca fazia assim grandes porção de centeio que chegasse a debulhar para fazer centeio para mandar moer.
| tree | Havia gente que fazia.
| tree | Aqui não é só…
| tree | Porque isto este aqui à parte ou no campo de aviação, como eu, eles têm lá um sítio, que era o sítio das Areias, que era onde a minha mãe morava.
| tree | Mas eu casei-me, à conta de Deus,
| tree | vim para a minha casa –
| tree | mas isto não estava assim,
| tree | quando eu me casei, era só [vocalização] dois quartos e uma cozi- e a [vocalização] cozinha.
| tree | Depois é que o meu marido aumentou mais esta coisinha.
| tree | E eu daqui [vocalização], [pausa] eu não via a casa da minha mãe.
| tree | Porque aqui à nossa frente, tinha um alto,
| tree | [pausa] tinha um moinho de vento
| tree | e eu não via a casa da minha mãe!
| tree | Andava para o caminho,
| tree | saía daqui,
| tree | andava para o caminho,
| tree | depois cortava no caminho velho que já se sabe que que era antes do do aeroporto
| tree | e, então, é que andava de roda e [vocalização] chegava à casa da minha mãe.
| tree | Era perto,
| tree | era os seus dez minutos.
| tree | Mas não se via a casa da minha mãe porque fazia um alto,
| tree | tinha um moinho de vento
| tree | e tinha terras de lavoura e tudo.
| tree | | tree | INF1 Então não da- não dava centeio?
| tree | Acolá, aquela parte de areia que dava centeio – que eu tinha um tio – que dava centeio, até f- serravam-lhe a [vocalização] a espiga
| tree | e do resto, faziam esteiras
| tree | e faziam barracas, na rua, [pausa] minha senhora.
| tree | Mas agora acabou tudo.
| tree | Mesmo acabou as pessoas que faziam isso
| tree | [pausa] e as nossas chuvas não têm ajudado.
| tree | | tree | INF1 As nossas chuvas não têm ajudado.
| tree | E agora tudo se importou
tree | e tudo quer ser empregado,
| tree | tudo quer ser empregado
| tree | e ninguém quer trabalhar.
| tree | [pausa] Ninguém quer trabalhar.
| tree | | tree | | | | | | |