tree | INF1 E depois de estar limpinho, vai ao moinho.
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tree | [pausa] Vai ao moinho,
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tree | [vocalização] o dono do moinho lá o mói [pausa] a quem o lá leva, do proprietário.
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tree | Depois de moído, [pausa] então a pessoa que que o tratou e o malhou vai, depois de moído, vai então para casa
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tree | e depois vai pedir a vez ao forno.
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tree | [pausa] A senhora vai ao forno
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tree | e diz [vocalização] à dona do forno:
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tree | "Ó senhora fulana de tal, quero cozer hoje.
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tree | Tenho vez"?
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tree | A dona do forno depois diz:
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tree | "Tem, sim senhor.
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tree | [pausa] Quantos alqueires são, que você vai cozer"?
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tree | Ou é um ou um e meio.
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tree | Por exemplo, a dona do forno sabe as pessoas que lá vão a pedir a vez,
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tree | sabre [pausa] tem que saber quanto é que vai cozer, se é um alqueire, se é alqueire e meio.
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tree | [vocalização] Porque o forno leva, por exemplo, doze alqueires,
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tree | [pausa] e as pessoas que lá vão, uma é meio alqueire,
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tree | outra é um alqueire,
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tree | outra é alqueire e meio,
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tree | e depois o forneiro faz a conta até chegar aos doze alqueires que o forno leva.
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tree | Não pode convidar mais que depois não lhe cabe lá.
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tree | INF1 E depois [vocalização] a senhora que vai cozer o pão [pausa] criva a farinha com umas peneiras que havia antigamente – agora parece que é à máquina, mas nesse tempo era umas peneiras a peneirar farinha –,
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tree | e depois diz pede ordem à forneira:
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tree | "Ó minha senhora, quando é que hei-de amassar"?
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tree | [pausa] A mulher espera que que o forneiro vá dizer [vocalização] dar ordens para amassar.
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tree | "Ó senhora fulana de tal, pode amassar"!
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tree | E depois há uma pessoa que vai dar a volta a todas.
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tree | "Olhe, pode amassar".
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tree | Depois amassa,
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tree | o bocadinho do fermento para o pão crescer – [pausa] para o pão crescer.
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tree | INF1 E depois de amassado está ali talvez [vocalização] aí hora e meia ou duas horas amassado.
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tree | [pausa] E depois, ele quem o amassou torna a esperar pela vez do forneiro [pausa] para mandar tender.
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tree | Quando depois já está finto, já está crescido, é tapado com umas mantas,
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tree | é farinha e tal, tal, tal,
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tree | e depois espera pela vez de mandar tender.
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tree | Torna a amassar,
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tree | torna a dar umas voltinhas, que é a tender,
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tree | mais umas voltinhas
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tree | e depois corta então aos bocadinhos.
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tree | [pausa] Faz então as broas ou o pão.
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tree | E tem o tabuleiro ao lado.
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tree | Põe no tabuleiro logo com com um lençol, ou uma toalha;
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tree | vai cortando aos bocadinhos,
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tree | [pausa] e põe no tabuleiro.
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tree | Conforme a quantidade que é, põe no tabuleiro.
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tree | E depois então o forneiro, [pausa] com antecedência, mete a lenha ao forno – [pausa] que é para aquecer bem –,
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tree | e depois o forneiro vai então dar a volta [pausa] a todas a acartar os tabuleiros para o forno.
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tree | O forno tem ali umas mesas em pedra – tinham, agora já não existe! –,
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tree | tinham umas mesas em pedra
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tree | e pousavam ali os tabuleiros – cada uma! –, cada uma das pessoas.
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tree | E depois chegava-se à altura de o forno estar quente,
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tree | o forneiro com um vassouro [pausa] de giesta ou de pinho, rama de pinho, e tal, varria aquilo bem varridinho,
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tree | e tentava meter o pão.
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tree | Portanto, havia ali seis ou sete mulheres, ou que fossem cinco…
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tree | O que tinha que ser era só a conta de doze alqueires, que é o que leva o forno.
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tree | INF1 O forneiro já sabe o que aquilo leva ,
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tree | [pausa] assim dizia às mulheres:
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tree | "Quanto é que vais amassar?
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tree | Alqueire?
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tree | Ou alqueire e meio?
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tree | Conta até "…
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tree | O forneiro fazia a conta,
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tree | tinha que dar só os doze alqueires, que é o que leva o forno.
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tree | INF1 Senão depois o pão tinha que ficar fora.
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tree | E não podia ser.
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tree | [pausa] Metiam então o pão para o forno.
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tree | [pausa] E depois [vocalização] para diferençarem o pão, como é que haviam de fazer?
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tree | Aí é que é importante.
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tree | Pois,
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tree | a senhora metia o seu tabu- o seu pão, o senhor igual,
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tree | ele metia igual, eu igual,
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tree | e depois para a tirada de estar cozido, como é que o haviam de diferençar?
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tree | Antes de o meterem…
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tree | [pausa] Por exemplo, a senhora:
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tree | "Ó senhor forneiro, que sinal é que eu ponho ao meu pão"?
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tree | [pausa] "Um dedo".
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tree | Fazia uma poça com o dedo na na broa.
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tree | INF1 Ou um dedo…
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tree | Outra freguesi- Outra freguesa, depois:
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tree | "E que sinal é que eu ponho"?
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tree | "Ponha dois dedos, duas poças".
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tree | A outra:
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tree | "O que é que eu ponho"?
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tree | "Um pauzinho".
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tree | Um pau da grossura dum lápis.
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tree | [pausa] "Ponha um pauzinho".
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tree | Fazia um buraco com o pau.
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tree | A outra:
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tree | "O que é que eu ponho"?
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tree | "Ponha dois paus".
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tree | Dois buracos com o pau.
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tree | A outra:
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tree | "O que é que eu ponho"?
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tree | "Um belisco".
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tree | Dava assim um belisco na massa.
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tree | [pausa] E quando e- E quando eram muitos, se havia de ter dois buracos com o pau, punha três.
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tree | INF1 Poças com o dedo, se haviam de ser duas, três.
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tree | INF2 E lá ia o meu pai buscar os tabuleiros, [pausa] a casa das mulheres.
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tree | INF1 Portanto, tinha que tudo levar sinal, tudo diferente.
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tree | INF3 Era para saberem.
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tree | INF1 Quando o pão estava cozido, o forneiro tirava o pão,
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tree | as mulheres estavam ao lado.
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tree | INF1 As donas do pão!
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tree | INF2 As donas do pão.
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tree | INF1 Cada uma, o forneiro tirava o pão,
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tree | chegava ali com a pá,
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tree | [pausa] dois buracos.
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tree | Dizia a senhora:
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tree | "Ai, isso é o meu"!
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tree | Tirava.
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tree | Vinha outro:
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tree | "Ai, isto é dois buracos com o pau"!
|
tree | Tirava.
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tree | Vinha outro:
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tree | "Ai, isso é belisco,
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tree | é meu"!
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tree | Cada uma levava a sua conta.
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tree | INF1 Então se não fosse assim, como é que haviam de diferençar?
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tree | INF1 Se não fosse assim, não podiam diferençar.
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tree | INF1 Cada uma levava o seu:
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tree | ou dois dedos, ou três, ou um belisco, ou dois paus, ou três.
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tree | E batia tudo certo.
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tree | Cada uma lá levava.
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tree | Depois de estar tudo no tabuleiro, tudo certinho, se às vezes havia uma confusão, um buraco mal feito, ou [vocalização] uma poça com o dedo um bocadinho mal feita, ou outra que a massa cresceu que se conhecia mal, às vezes uma tirava o que não era dela e tal,
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tree | e depois iam [vocalização] era fazer a diferença:
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tree | "Não,
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tree | isto tem jeito de ser a minha", e tal.
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tree | E lá acertavam e coisa,
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tree | e cada uma ficava com o seu.
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tree | INF1 Depois de estar no tabuleiro, o forneiro levava [pausa] o tabuleiro de cada uma.
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tree | Ou que fosse longe, ou que fosse perto, tinha que lho ir lá levar.
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tree | E depois à noite…
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tree | Bem, esta é que não disse!
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tree | [pausa] Quem cozia o pão fazia o [vocalização] as broas
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tree | e punha no tabuleiro.
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tree | Mas faziam uma um bocadinho maior – as outras eram mais pequenas –,
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tree | mas faziam uma maior que era a paga [pausa]
tree | [pausa] Faziam uma um bocadinho maior que era a poia, um bocadinho maior [pausa] para a paga do tab- do forneiro.
| tree | INF2 A paga era uma poia.
| tree | INF1 Às vezes lá havia mulheres um bocadinho agarradas ,
| tree | [pausa] faziam igual,
| tree | ficavam pequeninas;
| tree | havia outras que tinham mais consciência, uma poiazinha maior.
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