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tree | INF1 O linho?
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tree | INF1 A começar de semear?
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tree | INF1 Primeiro é semeá-lo;
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tree | e depois tem um ripanço, quando se vai apanhar, que se está ripando [pausa] aquela baga – que aquele linho tem uma baga –;
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tree | e [vocalização] e depois acaba-se,
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tree | aos molhinhos;
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tree | e depois bota-se ao sol a secar aqueles molhinhos abertinhos, assim, a secar.
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tree | INF2 Isso já é depois de estar no lago, depois de estar na água.
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tree | INF1 Hã?
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tree | INF2 Depois de ir à água é que se faz isso.
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tree | INF1 Ah, pois sim, mas ele tem muita gente…
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tree | A gente cá não o levava à água;
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tree | era só no [vocalização] seco ao sol.
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tree | E depois acabando de secar do sol, trazíamo-lo para casa, para um palheiro,
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tree | e levávamos para para o forno.
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tree | Quando se cozia, metia-se no forno.
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tree | Ficava ele sequinho, e ali medadinho, todo assim, dentro dum forno.
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tree | Ficava sequinho.
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tree | A gente pegava no outro dia, com uma tasquinha ou com uma grama,
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tree | [pausa] tasquinhávamos – umas gramavam e as outras tasquinhavam.
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tree | INF2 Ele primeiro era amaçado.
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tree | Ele primeiro era amaçado.
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tree | INF1 A grama, era um feito um pau assim pelo meio fora
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tree | e tinha assim umas coisas,
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tree | tinha um ferro que a gente metia o molho assim – a gente metia assim o molho –
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tree | e aquela e aquela grama ia fazendo assim
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tree | e a gente puxando.
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tree | INF2 Uma coisa feita de calhas.
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tree | Uma coisa feita de calhas.
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tree | INF1 Sim.
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tree | puxando até que se ia embora aquela, aquela esperdidão toda,
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tree | só ficava o [vocalização] o linho.
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tree | INF1 Só ficava o linho.
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tree | INF1 Era a tasquinha.
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tree | Era a tasquinha.
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tree | Era, era…
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tree | Podia ser dessa maneira
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tree | e podia ser…
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tree | Há gente que gramava e outros que só tasquinhavam.
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tree | INF1 É.
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tree | Pois é.
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tree | É, é aqui- É a grama que é como eu estou dizendo.
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tree | INF1 Mas no resto já não havia muitas gramas.
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tree | Talvez ainda te lembres, assim,
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tree | não te lembras?
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tree | INF2 Lembro-me da da tasquinha.
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tree | A tasquinha.
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tree | INF1 Tasquinha, é.
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tree | Também, a força lembra-me é de tasquinha.
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tree | Mas ainda apanhei as gramas! [pausa] – de resto.
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tree | INF1 Amaçavam com uma maça.
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tree | Era quando saía do forno.
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tree | INF1 Quando saía do forno, ama-…
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tree | Não era?
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tree | Era.
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tree | INF2 É amaçado.
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tree | Se não, ele ficava todo colado, todo colado, todo colado.
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tree | INF1 Amaçado todo com umas maças, em cima duma pedra dura.
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tree | INF2 Todo pegado, dobrado naquela cana que tinha.
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tree | INF1 Sim senhor.
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tree | INF2 E depois era quando elas [verbo] sobre aquela cana.
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tree | INF1 Até aquilo dobrar-se assim, ficar dobradinho ao meio.
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tree | INF1 E depois metiam-no…
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tree | INF2 Elas pegavam nele<
tree | e botavam no restolho, [pausa] aberto – no restolho, aberto.
| tree | INF1 No restolho, sim senhor.
| tree | restolho.
| tree | INF2 Aquilo ficava naqueles carreirinhos, aberto, por ali fora,
| tree | estava lá uns dias,
| tree | e depois ao fim de dias, ele iam juntar aquilo,
| tree | ficava aquilo aos molhinhos,
| tree | e depois é que então pegavam nessas gramas e nessas coisas a trabalhar,
| tree | e iam andando até chegar a ponto de fiar, numa roca quando presa na cintura
| tree | e elas…
| tree | INF1 Umas rocas que a gente fiava e aquele fuso…
| tree | Aqueles fusos, iam as rocas assim metidas aqui na cintura e uma maçaroca aqui do tal linho – da tal coisa – para a gente fiar
| tree | e a gente fiava, até à meia-noite e até às dez horas da noite,
| tree | era conforme.
| tree | INF1 [vocalização] Eu tinha uma irmã minha que dizia: "Olhe minha mãe, que eu, eu não sei se esta roca há-de ir ao lume".
| tree | INF1 Porque ele o lume pegava-lhe [pausa] num instante.
| tree | | tree | INF1 E minha mãe dizia-lhe: "Pois se ela for ao lume, tu levas pancadas!
| tree | Se ela for à luz, tu levas pancada"!
| tree | INF3 Ó ti-, ti-, tia tia Celisa, e aquele aqueles ajuntamentos que faziam com muita gente na nas fiaduras do, do do linho e da lã?
| tree | INF2 Era fiar o linho.
| tree | INF1 Po- Fiadura de linho?
| tree | De linho, não.
| tree | De linho só…
| tree | INF3 Não?
| tree | INF1 De linho só no restolho.
| tree | INF3 Era só no restolho?
| tree | INF1 Era só no restolho.
| tree | INF1 E a E a tasquinhar também.
| tree | INF3 Isso ajuntava-se muita gente!
| tree | INF1 Muita gente!
| tree | .
| tree | INF3 Ajudavam-se uns aos outros.
| tree | INF1 É.
| tree | uns aos outros.
| tree | INF3 Dúzias de pessoas.
| tree | INF2 Ah sim?
| tree | INF1 Dúzias, dúzias de pessoas, sim, então!
| tree | INF2 Agora cá.
| tree | | tree | INF1 E [vocalização] E depois fiávamos,
| tree | ficava numa maçaroca,
| tree | a gente ensarilhava no tal sarilho – num sarilho também –
| tree | e depois [vocalização] fazia-se barrelas,
| tree | ao sol…
| tree | | tree | INF1 Ficava numa meada.
| tree | | tree | INF1 Ficava numa meada.
| tree | E depois a gente botava lavava-o,
| tree | ao sol…
| tree | | tree | INF1 Para Depois era alvinho.
| tree | | tree | INF1 Porque depois era alvo, que aquilo ficava negro.
| tree | | tree | INF1 A gente botava-lhe era cuspo da boca.
| tree | | tree | INF1 Eu cá Eu cá, eu trazia era uma uma aguinha num num copo,
| tree | e minha irmã – Deus lhe dê o céu – trazia era uma aguinha num copo, que diz que já estava seca da boca, que não podia botar mais cuspo.
| tree | E assim é que a gente fazia!
| tree | INF2 Era.
| tree | INF1 E [vocalização] dobava-se,
| tree | depois de estar alvo, dobava-se<
tree | e urdia-se teias
| tree | e botava-se.
| tree | INF3 E as barrelas, tia Celissa?
| tree | INF1 E barrelas.
| tree | Barrelas naquela fia– naquela fiadura.
| tree | | tree | INF1 A cinza…
| tree | | tree | INF1 Ora a gente [vocalização] botava uns cestos grandes assim,
| tree | e a gente botava uma mantinha de roda, que era para não apanhar [vocalização] aqueles vimes, porque o cesto era de vimes…
| tree | | tree | INF1 E depois para não puxar os fios, botavam uma coisinha de roda
| tree | e botavam aquele linho todo emedadinho, por ali arriba, às meadas, até ele ficar assim alto.
| tree | Só ficava assim uma alturazinha para botar a cinza – cinza de faia.
| tree | Botávamos um sarredouro,
| tree | e botávamos mais cinza em cima e água a ferver para riba.
| tree | Três ou quatro tachos, era conforme [pausa] se podia.
| tree | INF3 E essa cinza, que era o fim dela?
| tree | INF1 O quê?
| tree | INF3 Ele para que é que servia a cinza na no linho?
| tree | INF2 Era deitada fora, [pausa] botada fora.
| tree | INF1 A cinza, [vocalização] botava-se fora, então.
| tree | INF3 Mas o que é que fa-?…
| tree | Que bem que fazia ao linho?
| tree | INF1 Tirava aquela negrigência!
| tree | INF3 Ah, era para para alvejar?!
| tree | INF1 Era para alvejar, era.
| tree | Era para alvejar.
| tree | Era cinza só de faia!
| tree | Não se queimava outra coisa.
| tree | | tree | INF1 Era melhor só a cinza de faia.
| tree | Tirava aquela negrigência.
| tree | | tree | INF1 Já a gente quando aquilo estava frio no outro dia – mas era se estava frio –, a gente ia com ele para a pia,
| tree | e [vocalização] e lavávamos,
| tree | já ele fazia uma diferença brava.
| tree | E botávamo-lo a corar por cima das paredes ao sol.
| tree | Dali a oito Dali a dias, tornávamos a fazer outra barrela,
| tree | tornavámos a fazer o mesmo, da mesma maneira.
| tree | Tornavam a lavar,
| tree | tornavam a botar ao sol, até ele ficar alvo.
| tree | Ele ficava alvo, alvo!
| tree | INF2 É assim, é.
| tree | | tree | | tree | INF1 Era o linho.
| tree | | tree | INF2 Não tens nenhuma aí, não é?
| tree | INF1 A estopa.
| tree | INF2 Não tens nenhuma aí?
| tree | INF1 Porque então [vocalização] O senhor sabe.
| tree | O linho tenho ali naquela naquela saca.
| tree | O linho tinha…
| tree | INF1 Havia um sedeiro com pregos assim, [vocalização] um bocadinho assim,
| tree | Assim, assim como a…
| tree | Assim.
| tree | | tree | INF1 E a gente quando aquilo estava curado, quando aquilo estava a modos que a gente acabava de tasquinhar e tudo, ia-se assedar o linho assim.
| tree | INF2 Eu gostava era só disso.
| tree | INF1 O que ficava atrás era a estopa.
| tree | INF2 Mulher, onde é que eu tenho isso?
| tree | INF1 É ali atrás, naquela saca branca.
| tree | INF2 É aonde, mulher?
| tree | INF1 E o que E o que ficava…
| tree | INF3 Naquela branca lá atrás, naquela branca.
| tree | INF1 Naque- Naquela lá atrás, sim.
| tree | INF3 Branca.
| tree | INF2 Ah!
| tree | INF3 Deixe-se Deixe estar,
| tree | deixe estar.
| tree | INF1 E ao que ficava ao que ficava a s-, a ge- a gente fazia assim com isto, desta maneira, no tal sedeiro, [pausa] assim.
| tree | O que ficava para ali era a estopa, e o que ficava na mão era o linho.
| tree | A gente torcia como quem torce uma torcida de tabaco…
| tree | | tree | INF1 E [vocalização], e o E apartávamos à parte.
| tree | Era então,
| tree | colchões com ele e…
| tree | | tree | INF1 Com o linho, sim senhora.A gente cá
tree | | tree | INF1 A estopa tapava, como como aqui se está tapando, assim…
| tree | E também se tapava com estopa ou linho, ou lá o que quisessem – de colchães ou uma coisa assim –,
| tree | também se tapava.
| tree | E também se urdia com a estopa se ela era rija!
| tree | Agora se ela era mais podre, ninguém podia urdir com ela, que não se podia tecer,
| tree | que a gente bota os pés em cima,
| tree | ela desapegava toda
| tree | e ia-se embora.
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