tree | INF1 Mas também volto a lhe dizer outra…
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tree | Indo Mas se lhe não conto estas que lhe conto, se não foi assim, tal e qual, a conversa como agora aqui nós todos…
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tree | INF1 Igualzinho!
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tree | Indo eu e um [vocalização] – agora não sei se é general, se que é – um espanhol.
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tree | Ele é major e médico – lá quando entra lá no… – [pausa] em Vigo.
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tree | INF1 Depois passou para [pausa] Em andando com eles à caça…
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tree | [pausa] E saímos daqui,
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tree | eles ainda mataram o bicho melhor do que eu!
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tree | Que eles eram espanhóis,
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tree | não tinham…
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tree | Mas lá andámos.
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tree | Fomos por aí acima por donde vossemecês…
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tree | INF2 Eles não estão a ver o que é matar o bicho;
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tree | é almoçar.
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tree | INF1 É almoçar.
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tree | INF2 Almoçar.
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tree | INF1 É a primeira coisa ao ao levantar a gente.
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tree | INF2 O almoço é [pausa] é logo de manhã cedo.
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tree | INF2 É o café,
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tree | faça de conta.
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tree | INF1 E eles a botarem e eu com a pressa –
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tree | era eu e a mãe que Deus tenha –, Deus Nosso Senhor me perdoe.
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tree | Eu com tanta [vocalização] lide,
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tree | [pausa] toca a chamar –
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tree | e mesmo agora, está aqui assim, assim o dentista, o tal, e um doutor assim, assim.
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tree | Ai Jesus, o que me custou!
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tree | "Mas vamos lá embora"!
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tree | "Tu sabes"…
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tree | Eles a meterem-se comigo porque foi um desafio que tivemos.
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tree | Eu não sei se quando foram à Espanha, vocês não foram aqui,
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tree | foram a Verín – não foi? – com o padre de Vilar.
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tree | INF1 Foi a Verín,
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tree | eu logo disse que era a Verín.
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tree | Agora E ele estava para ali
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tree | e depois começou a falar das perdizes, assim e assado,
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tree | e [vocalização] toca a desafiarmo-nos.
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tree | [pausa] O padre, eu tratava-o depois por "tu", que ele é muito mais velho,
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tree | mas os galegos como tratam o pai por "tu" –, [pausa] eu também e ele a mim.
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tree | Digo:
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tree | "Bem, ou pagas mil pesetas por cada uma,
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tree | eu pago duas mil.
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tree | O que matar mais é o que ganha".
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tree | Digo: E Depois tanto, tanto me aborreceu,
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tree | disse:
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tree | "Não te deixo pôr os olhos na primeira"!
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tree | E só te digo…
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tree | Olhe, Nosso Senhor que quisesse,
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tree | que viesse para aí, se não lhe dizia na mesma!
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tree | "E não lhe deixo pôr os olhos"…
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tree | vezes dizia-lhe "não te deixo", outras vezes "não lhe deixo".
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tree | É mui grande,
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tree | vê – as perdizes.
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tree | Mas conto-lhe que, que que tive aí mais de quantas testemunhas.
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tree | E vamos,
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tree | saímos,
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tree | e o padre daqui;
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tree | depois éramos cinco ou seis.
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tree | [pausa] E aqui batem eles então sabendo de mim.
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tree | Como me escrevia, depois só me parec- A mim, chamavam-me a Garça – [pausa] por andar muito!
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tree | INF1 Tinha umas pernas – graças a Deus – que subia de alto a alto, de deste alto para aquele, daquela baixa para aquela,
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tree | era como um foguete!
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tree | Ainda não estava deste lado,
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tree | já estava daquele!
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tree | [vocalização] E diz ele:
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tree | "E a Garça do Gotardo"?
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tree | [pausa] Diz:
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tree | "Aí lhe mando esta caixa de cartuchos,
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tree | mas eu quero lá tornar"!
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tree | Ainda não veio.
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tree | "Quero lá tornar onde a ele"!
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tree | Andámos,
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tree | tumba, tumba, tumba, um pedaço,
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tree | íamos a passar…
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tree | Que vocês passaram na estrada de Gralhas para aqui e atrav–,
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tree | E diz-me:
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tree | "Eh Gotardo"!
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tree | "Diga lá.
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tree | Ou mande, doutor".
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tree | "Tenho uma fome [pausa] que não dou passada"!
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tree | "Se não dá passada, comera"!
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tree | INF1 "Então como quer"?
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tree | "Comera".
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tree | "Não posso.
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tree | isto,
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tree | não posso".
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tree | E eu disse-lhe:
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tree | "Doutor, eu tenho aqui um cachinho, ou uma miga de pão – como lhe chamam ustedes, carago! –, pão negro e um cibo de carne, de toucinho de reco, vá ".
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tree | Nós é reco,
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tree | , ao toucinho, ao ao porco.
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tree | INF1 Diz:
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tree | "Nada, nada, nada.
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tree | um cachinho de pão, só uma bocada ou duas,
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tree | e dá-me uma regadela com a bota para a"…
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tree | A bota é a borracha.
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tree | Também não tenho aí que a levaram.
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tree | E o homem bota duas [pausa] bocadas ou [vocalização] três agarra no …
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tree | Ele não quis mais nada.
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tree | E era do toucinho,
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tree | era até
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tree | era febra e gordo, vá mas…
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tree | E bota
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tree | e ao fim anda um pedaço, um pedaço:
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tree | "Gotardo, que seja a última vez que te ouça dizer
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tree | e que não volvas mais a dizer isso, que o pão que é negro!
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tree | Gotardo, nunca mais volvas dizer que o pão que é negro!
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tree | [pausa] Deves dizer:
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tree | negra é a fome!
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tree | [pausa] Negra é a fome"!
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tree | INF2 Ele tinha vontade…
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tree | INF1 E eu olho para mim assim:
tree | "Um doutor assim"…
| tree | Quantas vezes aqui já tenho contado?!
| tree | INF2 Homem!
| tree | Tinha vontade o homenzito.
| tree | INF1 O homem disse mesmo assim
tree | e olhe que me lembrou sempre, sempre, sempre, sempre.
| tree | Diz:
| tree | "Negra é a fome".
| tree | Diz:
| tree | "Não é o pão".
| tree | "Dizer que o pão que é negro?!
| tree | Não é negro.
| tree | Negra é a fome"!
| tree | | tree | INF1 Pronto.
| tree | | tree | INF1 Continuamos.
| tree | INF2 E é verdade.
| tree | A gente quando tem fome…
| tree | INF1 Agora, as senhoras, se nos querem botar duas também que fiquem lá dos seus lados, botem-nos duas também
| tree | que Deus nos guarde.
| tree | Porque ainda é muito…
| tree | INF2 É de Cabeceiras.
| tree | INF1 Ai é aqui?…
| tree | INF2 A senhora.
| tree | | tree | INF2 A mãe.
| tree | | tree | INF1 Ai, então é aqui de pertinho de nós!
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