tree | INF Ah, meu amigo!
|
tree | a falar da lula
|
tree | e depois vêm atrás [vocalização] muitas atrás daquela.
|
tree | ali à borda que há ao pé da lancha,
|
tree | a gente usa o tal bicheiro,
|
tree | ao tal anzol, preso numa con- numa ponta da cana, comprida.
|
tree | E a gente, elas vêm – a bem dizer, estão quase à superfície do mar –
|
tree | e a gente vai engatando as que estão ao lado; não aquela que está presa, as outras que estão pelo pelo lado.
|
tree | , às vezes, duas, três, quatro, conforme a porção,
|
tree | e elas estão ali de coiso.
|
tree | Mas é preciso desviar, porque elas, toda a lula, quando a gente engata, elas dão aquela uma esguichada de tinta que é que tem.
|
tree | A gente, quando engata ou coisa, a gente aguenta sempre a lula ali sempre debaixo do mar, que é para ela esguichar a tinta para não esguichar a gente, para a gente para não sujar a gente da tinta da lula.
|
tree | Também é engraçada a pesca da lula, também!
|
tree | Depois a lula também serve para isca, para para pescar de fundo, que é o congro, que é o cherne, que é o a abrótea é o…
|
tree | Qualquer peixe [pausa] gosta da lula, tal e qual como a gente!
|
tree | |
tree | INF Pois.
|
tree | |
tree | INF A gente conhece [pausa] o nosso tempo…
|
tree | Temos aqui uma montanha que é o Pico, que dá muito sinal a isso.
|
tree | |
tree | INF Pch!
|
tree | Ele os sinais é a gente mesmo de manhã,
|
tree | a gente levanta-se,
|
tree | todo o pescador vai …
|
tree | cedo
|
tree | e vai para para ir para o mar,
|
tree | a gente a primeira coisa é olhar para o Pico.
|
tree | O Pico está descoberto,
|
tree | está todo ali, ele todo limpo,
|
tree | está muito bom tempo,
|
tree | a gente olha para o céu,
|
tree | não vê nuvens,
|
tree | não vê nada.
|
tree | a bocado, de manhã, antes, a bem dizer, quando o sol está ali a nascer ou depois, a gente sabe se vai fazer mau tempo
|
tree | ou ou vê que o tempo vai mudar,
|
tree | o Pico principia
|
tree | a gente chama um chapéu…
|
tree | Cria Cria assim umas nuvenzinhas todas em redor, tal e qual como um barrete em cima mesmo do Pico.
|
tree | A mesma coisa, a gente já sabe que é vento, que ele já está pondo qualquer coisa para cima de si,
|
tree | está adivinhando chuva.
|
tree | A gente se vê muito azul, aqui o Faial, aqui em frente, também muito azul, a gente olha,
|
tree | diz: "Olha, é sinal para para chover"!
|
tree | E vem mesmo!
|
tree | Isto é Isto é certo.
|
tree | Vê os sinais,
|
tree | a gente vê…
|
tree | A gente vê também os ares;
|
tree | a gente vê os ares de de vento.
|
tree | Os ares quando estão riscados, o céu está riscado, aquelas nuvens todas riscadinhas,
|
tree | a gente sabe que vai fazer vento, que ele o dia que é ventoso.
|
tree | A gente vê…
|
tree | Por exemplo, pode vir chuva: "Olha, a gente estamos no mar,
|
tree | mas ali, olha, ali vem chuva"!
|
tree | |
tree | INF Pois, o pior cá é o noroeste.
|
tree | É o tal noroeste.
|
tree | Por exemplo, o vento pode estar aqui da banda do sul,
|
tree | sul não digo que vire já para o noroeste, mas da banda de oeste,
|
tree | banda de oeste é [vocalização] rápido.
|
tree | A gente pode estar aqui
|
tree | e isto aqui, a gente, as nossas zonas de pescar é sempre aqui muito perto aqui do porto, porque a gente nunca pode ir para muito longe.
|
tree | Porque mesmo ir para muito longe, não dá;
|
tree | é muita profundidade,
|
tree | não se não se pode pescar.
|
tree | Mas a gente está ali
|
tree | e, às vezes, já chegar aqui ao porto já é com grandes dificuldades, principalmente, não por causa de navegar fora,
|
tree | ele é o pior é o porto,
|
tree | mete logo uma aguinha dentro do porto.
|
tree | O problema todo é dentro do porto.
|
tree | Se tivesse a tal docazita que que não está aqui, pois aí uma pessoa já vinha mais à vontade de coiso.
|
tree | |
tree | INF Não.
|
tree | |
tree | INF Não.
|
tree | É conforme os ventos.
|
tree | Por exemplo, lá o vento de oeste, [vocalização] mete mar;
|
tree | a partir do oeste para cima, mete mar, o mar de oeste;
|
tree | aqui a partir de oés-noroeste, que é a partir de oés-noroeste para baixo, de cima da te- até ao Faial, pelo norte, mete aqui o mar do norte [pausa] na coisa – principalmente de Inverno.
|
tree | É muito perigoso então!
|
tree | Pois a gente, as marés, as correntes, a gente sabe…
|
tree | [vocalização] A gente sabe as marés p-, p- por onde é que vão,
|
tree | a gente quer quer ir pescar ao goraz,
|
tree | a gente tem que ancorar é direito à pedra.
|
tree | Por exemplo, pode fazer areia em volta da da pedra, ou ali mais metros, ali, por exemplo, vinte metros desviados,
|
tree | a gente marca-se.
|
tree | A gente, qualquer lugar que vai pescar, é assim,
|
tree | [vocalização] a gente marca.
|
tree | É sempre marcado.
|
tree | A gente marca-se por terra, por casas, por [vocalização] por cabeços, por essas montanhas que se vê aí.
|
tree | A gente faz as nossas mar- marcações das pedras.
|
tree | Todos os marinheiros, uns marcam-se por umas, outros marcam-se por outras; tudo no mesmo sítio.
|
tree | Uns marcam-se duma maneira, outros marcam-se doutra,
|
tree | mas todos vão lá ter a esses lugares que de pesca.
|
tree | A gente chegou: "Olha, a maré vai para o sul",
|
tree | a gente bota…
|
tree | Porque é a tal…
|
tree | Ele a gente chama a poita, que é uma pedra amarrada no cabo, que é de ancorar;
|
tree | a gente chegou mais ao norte,
|
tree | ancorou, porque a maré depois bota para o sul;
|
tree | e a gente aí temos as nossas coisas de pescar.
|
tree | Os nossos engodos, os tais engodos, bota-se ao mar.
|
tree | A isca, a isca é a cavala, a sardinha que se compra de…
|
tree | comprar ao Faial.
|
tree | A lula, o chicharro, que é o carapau…
|