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tree | INF Tenho o meu colchão Molaflex, [pausa] já há um ano ou dois.
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tree | Que eu nunca tive, era a casquinha, lavada todos os Verães,
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tree | e lavava-se o colchãozinho.
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tree | Ai, ele!
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tree | Quando a gente agarrava aquilo tufadinho, era a frescura do mundo!
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tree | Mas agora então faz-se uma caminha muito fácil, porque então agora é o colchão Molaflex.
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tree | INF Era casca de milho!
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tree | Casca de milho que a gente rachava-a e é que se metia dentro do colchão para a gente dormir.
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tree | [pausa] Sim senhora.
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tree | INF Ai, e musgo, que ia para o mato se apanhar musgo para se meter dentro das almofadas e dentro dos dos colchões.
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tree | INF Mas…
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tree | Musgo seco.
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tree | Mas o musgo, acabando meia dúzia de meses, dá em enovelar
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tree | e é penar.
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tree | Era penar para se abrir, para a gente poder dormir na caminha mole.
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tree | O musgo era assim,
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tree | enovela muito, pois é uma erva – depois de seca…
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tree | INF E também se apanhava cabelinho;
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tree | pelo mato,
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tree | feto, apanhava-se cabelinho;
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tree | e depois a gente tirava aquele cabelinhozinho duma soca,
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tree | e punha-se ao sol
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tree | e enchia-se almofadas também para a gente dormir.
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tree | Mesmo quando era para bebés, era tudo…
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tree | INF O sumaúma.
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tree | A gente abria aquela…
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tree | Aquilo é assim uma…
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tree | Como é que se diz?
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tree | Imitante assim um [vocalização] o bog-.
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tree | É um bogango, que a gente chama de bobine de seda.
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tree | A gente abre
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tree | e dentro tem aquilo,
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tree | parece imitante como um figo.
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tree | E a gente ia tirando aquele aqueles fiozinhos todos;
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tree | aquilo abre,
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tree | fica como como [vocalização] uma seda fina que era uma lindeza!
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tree | INF Sim senhora.
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tree | E a gente aí é que lhe metia nas travesseirinhas, para os bebés.
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tree | E era deste cabelinho.
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tree | INF Agora já não se usa suja, porque agora é tudo esta [vocalização] esta espuma que se enche as almofadas.
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tree | Já não usamos isso.
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tree | INF Era mais molinha.
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tree | Claro que sim!
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tree | INF E de penas de galinhas!
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tree | as penas das galinhas
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tree | e punha-se a enxugar
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tree | e enchia-se almofadas.
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tree | INF Colchões, não senhora.
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tree | Era preciso ter muita galinha.
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tree | Risos Ele para as almofadas, leva-se às vezes um ano.
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tree | Quando se matava três ou quatro, se ia guardando para se encher uma!
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tree | INF Ai, ponho-lhe os meus bordados, ou umas rendinhas, ou uns bordadinhos.
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tree | Assim é que eu faço.
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tree | INF Ah, isso é a minha [vocalização] fronha, que a gente enfia na almofada.
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tree | INF Pego nas minhas almofadas,
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tree | dentro do meu guarda-fato,
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tree | e pego no meu travesseiro de dia,
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tree | e faço a minha cama,
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tree | e ponho o meu travesseiro.
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tree | INF Ponho os meus lençóis,
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tree | ponho o meu cobertor,
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tree | ponho a minha colcha de lã,
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tree | ponho um cobrejão que faço com a minha mão,
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tree | depois ponho o meu travesseiro,
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tree | e depois boto a minha colcha de seda – para ficar a minha caminha feita –, e duas almofadinhas que tenho também de propósito ali em cima.
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tree | INF Olhe, é de bocados de saias, bocados de calças que a gente corta,
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tree | faz uns quadradinhos.
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tree | E depois eu alinho,
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tree | e depois, durante o Inverno, vou-me entretendo aos serõezinhos, deitando o meu pontozinho.
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tree | lá mais para diante, um domingo ou um dia santo,
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tree | eu, ele alinho,
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tree | boto o meu forrinho por fo- por dentro de de um cretonezinho,
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tree | boto a sua vira de lãzinha por fora
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tree | e fica o cobrejão feito.
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tree | E fica uma mancheia de centos poupados;
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tree | se fosse um cobertor nas lojas saía mais caro
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tree | e não me fazia tanto agasalho.
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tree | INF A colcha de seda depois.
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tree | Ah, mas no no cobrejão?
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tree | É, sim senhora.
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tree | Não se põe mais nada.
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tree | INF Sim senhora.
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tree | INF Eu [pausa] Faço a cama,
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tree | e depois de fazer a minha cama, limpo o meu pó,
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tree | e depois de limpar o meu pó, varro a minha casa.
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tree | Assim é que eu faço.
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