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tree | INF1 Vou, sim senhora.
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tree | Vou, sim senhora.
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tree | Eu também tenho uma lanchinha a motor, pequena.
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tree | Vou também ao mar apanhar uns peixes para fazer também uns trocos, quando se calha.
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tree | Ele o homem do mar tem que se deitar de qualquer maneira, porque, é claro, a vida está…
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tree | INF1 Ah, vou também ainda umas milhas!
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tree | Não é muitas.
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tree | Duas, três milhas.
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tree | E, às vezes, vai-se mais.
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tree | Eh, pá, não se pode se desviar muito
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tree | pois arreio à baleia, não é?
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tree | Pois se eu não arreasse à baleia, pois podia ir mais
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tree | ou podia sair mais.
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tree | Até cinco milhas pode-se ir lá longe no nosso canal, à nossa ponta de leste.
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tree | Vão daqui em barcos lá.
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tree | Mas a gente não…
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tree | Eu por mim não vou, porque, é claro, tenho que estar aqui mais perto por causa da baleia.
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tree | Se estou matriculado, tenho que cumprir a coisa.
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tree | [pausa] Sim senhora.
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tree | INF1 Está lá numa vigia, lá em cima, que a senhora pode…
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tree | Tem ocasião para ver, se sair para a rua, aqui no meu prédio,
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tree | lá em cima.
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tree | Está lá em cima,
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tree | está lá em cima um bocado, acolá alto.
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tree | INF1 Esta vigia até está sem vigia.
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tree | Ele o vigia está lá em cima no, no no Arrife.
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tree | INF2 No Arrife.
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tree | INF1 No Arrife.
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tree | Mas [vocalização] nos tempos que isto havia a influência da baleia, todo o dia, de manhã ao so-, quer dizer, entre o sol sair [pausa] até à tarde.
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tree | INF2 Até à tarde.
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tree | INF1 Até Assim de Verão, até às seis, sete horas da, da da tarde.
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tree | INF1 Ah, não, não!
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tree | INF2 Não senhora.
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tree | INF1 Não senhora.
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tree | Não, porque ele não está capaz, não vale a pena estar lá.
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tree | O homem da vigia vai fazer uma volta para si;
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tree | claro, também tem as suas voltas, não é?
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tree | E [vocalização] E não está capaz mesmo.
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tree | Não se pode arrear à baleia;
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tree | com o tempo que está aí, não se pode.
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tree | As embarcações são são pequenas.
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tree | [vocalização] Quem é que se metia naquilo?!
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tree | INF2 Pois isto aqui, precisamente, se fosse só a viver da baleia, por muito o mestre Balduíno, ou o meu irmão, ou outro não podia viver.
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tree | Porque qualquer pessoa desses rapazes ou mesmo o mestre Balduíno, [pausa] pois trabalharam um bocadinho na vida do mar e têm o seu bocadinho de dinheiro no banco,
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tree | além disso têm os seus bocadinhos de terra,
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tree | e não pagam renda de casa porque elas são suas.
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tree | Pois se não está bom da baleia, o mestre Balduíno vai meter um pé de couve, ou uma batata, ou os seus legumes para a casa.
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tree | Quer dizer, não se compra.
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tree | Depois o peixe também, precisamente, não é comprado.
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tree | Aqui o que a gente compra, na nossa classe marítima, é precisamente só a carne.
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tree | O resto, que a gente tenta nas embarcações miúdas, [pausa] fazemos mais ou menos para a despesa da casa durante o ano, para o dinheiro que a gente ganha – e depois juntamos – ou na pesca do atum ou qualquer coisa,
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tree | pois esse dinheiro fica para nós um dia quando não podemos trabalhar, pois as reformas também são pequeninas…
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tree | Hoje em dia, por exe-, está bem bom,
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tree | sempre são dois contos e tal.
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tree | Se a gente não tiver dinheiro no banco, pois nós não podemos viver como o meio de vida está.
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tree | Por isso a gente tenta, enquanto somos novos, aproveitarmos o Inverno, [pausa] porque se for só a olhar para o dinheiro da baleia, não dá para qualquer pessoa, qualquer um destes passar.
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tree | Porque eles estão aqui precisamente…
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tree | A [vocalização] matrícula é feita durante um ano.
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tree | Durante o ano, no ano passado, vocês tiveram vinte oito – não foi? –, de soldada.
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tree | Pois vinte oito contos de soldada é pouco dinheiro.
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tree | Se não fosse os legumes…
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tree | INF2 Ao fim do ano.
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tree | INF2 Ao fim do ano.
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tree | É pago ao fim do ano.
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tree | INF2 Pois.
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tree | INF1 Ah, minha senhora, mas eu, nos princípios de baleia, [vocalização] ganhava-se a dois contos e tal por ano!
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tree | INF1 Óbvio, não é?!
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tree | Mas, mas ainda mesmo assim, era muito pouco!
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tree | Eram dois contos e tal, três contos e coisa, três contos e coisa…
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tree | Era pouco mais do que isto.
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tree | Era sempre isto, mais ou menos.
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tree | Dois contos e tal, três contos e tal.
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tree | Ele era a média.
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tree | Era a média.
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tree | É claro que aquilo, às vezes, o [vocalização] quando havia mais abundância de óleo, pois [pausa] mais barato; quando havia menos menos abundância de óleo, [vocalização] às vezes, mais caro uma coisinha.
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tree | E de forma que, e era Mas era aquilo que a gente tinha de navegar a vida!
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tree | INF1 É, sim senhora, pelo litro de óleo.
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tree | A gente não temos nada com as farinhas, nem coisa.
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tree | Isso não temos nada com isso!
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tree | As farinhas é já da fábrica.
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tree | A fábrica [vocalização] A gente toma uma baleia apanha uma baleia,
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tree | vamos levar para fábrica.
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tree | A fábrica [pausa] A gente tem uma baleia
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tree | e é vinte cinco por cento para a fábrica.
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tree | Vinte cinco?
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tree | Creio que é vinte cinco.
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tree | É vinte cinco.
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tree | INF1 Do óleo.
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tree | E só nos cabe então as outras quatro partes.
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tree | INF1 Não senhora.
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tree | Não temos nada a ver com isso.
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tree | INF1 [vocalização] Isso já é a fábrica é que resolve isso;
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tree | a fábrica não é nossa.
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tree | A fábrica, ele só derreteu o nosso óleo.
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tree | [vocalização] Mas é assim…
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tree | Mas é:
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tree | a fábrica só derreteu o nosso óleo e deu-nos só a percentagem do óleo que a gente lhe apanhou a a – como é que eu hei-de dizer – a vinte cinco por cento.
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tree | Tirou para si,
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tree | e o resto, ele é aqueles apuros que ela tira para si.
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tree | É para si.
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tree | Não tem nada A gente não tem nada com isso.
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tree | Talvez muito bem visto, não é uma coisa talvez muito bem feita, que ele a baleia a gente é que a tomou.
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tree | INF1 Pois.
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tree | INF1 Exacto.
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tree | Pois, mas é assim.
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tree | Mas é assim.
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tree | É assim, sim senhora.
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tree | INF2 Não senhora.
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tree | INF1 Não senhora.
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tree | INF1 Pois talvez não haja.
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tree | Talvez não haja.
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tree | [pausa] Olhe, sei lá.
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tree | INF2 Até o próprio sangue da baleia é aproveitado na fábrica.
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tree | Pelo menos aqui na das Lages era.
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tree | Para juntar à farinha de carne.
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tree | [pausa] Eu até cheguei a ir lá uma vez ou duas, na altura que eles botam a deitam a farinha de carne para secar,
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tree | o sangue para dentro para ficar a farinha mais avermelhada.
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tree | INF1 De modo que é assim.
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tree | INF2 Nós éramos sócios aqui duma fábrica, [pausa] quer dizer, nós, o mestre Balduíno, o meu pai, e esses que são sócios, que isto é de sessenta e tal pessoas ou setenta e tal no ano em que estamos.
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tree | INF1 Não sei bem os sócios, a quantidade de sócios.
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tree | INF2 Mais ou menos.
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tree | Isto é uma…
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tree | INF1 Pois é bom, mais ou menos.
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tree | INF2 Mas essa fábrica trabalhou vinte e oito anos [pausa] sem nunca prestar contas a sócios.
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tree | Depois veio o senhor Basílio, Bebiano Basílio,
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tree | comprou essa fábrica, tal,
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tree | depois quis fazer aí umas propostas para c- para a compra de óleo…
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tree | Isso até meu irmão é que poderá explicar uma coisa melhor.
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tree | [pausa] No fim ao cabo, ela está fechada.
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