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| tree | INF1 Pois se tive algum caso especial?
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| tree | Não senhora.
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| tree | Eu nunca tive…
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| tree | Já vi,
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| tree | já revirei algumas vezes
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| tree | e já quebrei.
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| tree | Ele baleia já [verbo] para o bote.
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| tree | Pois aquilo são tudo momentos difíceis,
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| tree | [vocalização] mas quer dizer, nenhum nenhum foi [vocalização] assim que fosse marcado, não senhora.
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| tree | Já se passou alguns maus,
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| tree | mas mas foram vários,
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| tree | não teve assim nada dum especial.
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| tree | Não senhora.
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| tree | INF2 O mais difícil talvez de cá, seria meu irmão que poderia dizer alguma coisa…
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| tree | INF1 Ah, esse está bem.
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| tree | INF2 Quando quebrou…
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| tree | Quando o bote partiu, que levou foi oito pontos numa perna.
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| tree | INF2 Esse é que lhe podia dizer alguma coisa.
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| tree | E [vocalização] cortou-se na na testa…
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| tree | Esse, o Barrabás, é que podia dizer alguma coisa.
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| tree | Agora o mestre Balduíno também já revirou
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| tree | e a gente lá fora quando se revira, [pausa] a gente tenta é se salvar,
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| tree | não tentamos pensar no perigo.
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| tree | alturas, não.
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| tree | E isto é como como uma pessoa que gosta duma rapariga:
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| tree | quanto mais me bates, mais eu gosto de ti.
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| tree | A baleia é assim.
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| tree | Fomos criados nisto!
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| tree | INF1 Ah!
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| tree | Este senhor é assim.
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| tree | Vamos andando para aí com essa vida, pois é.
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| tree | Acontece [pausa] coisas más lá fora,
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| tree | acontece coisas más.
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| tree | Mas, é claro, são várias que acontece
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| tree | e depois a gente já estamos mais habituados, prát-, feitos à coisa, não é verdade?
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| tree | De forma que…
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| tree | [pausa] Caso especial, nunca por acaso, nunca tive.
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| tree | E oxalá que não os tenha.
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| tree | INF1 Já houve infelicidades nesta pesca.
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| tree | Aqui mesmo no lugar, já houve aí um rapaz que [vocalização] a baleia [vocalização] o outro deu,
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| tree | tombou,
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| tree | e [vocalização] a linha, com certeza, pegou-lhe,
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| tree | [pausa] e lá o levou.
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| tree | Nunca mais apareceu.
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| tree | E já houve mais uns casos desses.
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| tree | Um nas Lages, creio eu, e outro na Calheta.
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| tree | Mas isso já não é também do meu tempo.
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| tree | Este rapaz aí que morreu, que eu estou falar, é acima de mim talvez uns três anos – três, quatro anos acima de mim.
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| tree | INF2 Mas o Bártolo é do tempo do mestre do mestre Balduíno de arrear à baleia.
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| tree | INF1 É.
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| tree | É, é.
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| tree | Mas ele novo veio assim,
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| tree | é
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| tree | mas é da Calheta.
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| tree | INF2 Pois.
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| tree | INF1 Pois.
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| tree | [pausa] Pois, sabe, nesta vida tem havisto também as suas coisas.
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| tree | Tem havisto estas coisas.
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| tree | Mas eu, graças a Deus, até aqui, ainda felizmente, não as tenho assistido ainda assim muito.
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| tree | Claro, os tempos difíciles, os momentos difíciles encontra-se;
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| tree | também já os encontrei.
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| tree | Mas, um caso especial, não.
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| tree | INF2 Isto o melhor era não acabar.
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| tree | Porque isto foi funda- isto foi fundado com homenzitos tudo pobres.
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| tree | Entravam [vocalização] com três contos, ou mil e quinhentos, ou mil escudos…
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| tree | Com tantas dificuldades na vida e é que foram fazendo este progresso da vida da baleia.
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| tree | E chegou-se a ponto que nem toda a gente arreava a baleia aqui.
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| tree | Mesmo dos sócios, tão depressa o foguete atirava, o bote já estava na água.
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| tree | Estavam ali de manhã só a vigiar o foguete da vigia.
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| tree | INF1 Ah, pois!
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| tree | INF2 O mestre Balduíno lembra-se disso.
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| tree | Eu já não me lembro disso<
| tree | mas o mestre Balduíno lembra-se muito bem disso porque já arreava nessa altura.
| | tree | | | tree | INF2 O bote ia
| | tree | e se houvesse um que fosse sócio, pois se não apanhou o bote, pois ficava atrás.
| | tree | INF1 Bom, [vocalização] os botes aqui eram sociedade.
| | tree | Mas todos querem ir diante porque diante sempre calha melhor sorte,
| | tree | outros querem apanhar, para marcar.
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| | tree | É tudo sociedade.
| | tree | INF2 Quer dizer, podiam apanhar mais – que esta senhora está-se referindo a coisa.
| | tree | Podiam apanhar mais.
| | tree | Mas aquele que apanha [pausa] faz um risquinho num cepo atrás, num cepo que ali tem,
| | tree | e quando chega ao fim do ano, diz: "Não, tu tens dez, mas eu tenho vinte.
| | tree | Tu tens catorze mas eu tenho vinte cinco".
| | tree | Pois sortudo Pôs-se tudo é aquele que mais pode sair para ver se apanha a baleia primeiro de que os outros.
| | tree | É sim senhora.
| | tree | [pausa] Mas o mestre Balduíno é dos homens batidos aqui porque, precisamente, começou de criança;
| | tree | depois andou dez anos ao atum, não foi?
| | tree | INF1 Ah, mais.
| | tree | INF2 Mais?
| | tree | Doze?
| | tree | INF1 Mais.
| | tree | Andei vários anos no atum.
| | tree | Vinte e três, creio eu, ou vinte e quatro.
| | tree | Vinte e quatro.
| | tree | Depois larguei
| | tree | e já estou aqui à baleia
| | tree | já havia já também há uns três anos ou quatro.
| | tree | Quatro é que é.
| | tree | Quatro.
| | tree | [pausa] Quatro.
| | tree | [pausa] E é isto, minha senhora.
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