tree | INF Havia aí um forno que cozia [pausa] todos, todos os dias.
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tree | Todos os dias cozia, porque o povo é muito grande.
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tree | INF É,
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tree | iam.
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tree | [vocalização] Eu também lá ia quando não tinha o forno,
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tree | mas depois a, a a ladrona [pausa] roubava a massa da masseira
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tree | e ia, botava aos ia botá-la aos porcos, à pia.
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tree | E uma vez uma vez foram lá [vocalização] um cão [pausa] foram lá dar com um com um avental dela,
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tree | não teve tempo de a levar para casa,
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tree | e o cão agarrou na [pausa] naquele avental de, de fa- de massa
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tree | e correu pelo povo fora.
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tree | E depois foi um falatório.
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tree | E depois a mim também me fez igual.
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tree | E eu, está claro, um dia disse assim: "Ai, ó Almira, tu não te demores a ir para o forno que [vocalização] é preciso acarrar a água".
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tree | Que ela, ela a [vocalização] ladrona, bota-se à…
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tree | [vocalização] Se vou acarrar a água, tenho que ir buscá-la à fonte, e ela cá faz a fateixa.
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tree | Ele estava a nevar,
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tree | nevava muito,
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tree | eles não puderam ir.
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tree | Eu peguei e digo: "Bem".
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tree | Depois dizia-me ela: "Vai buscar a água.
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tree | Vai buscar a água, que é preciso.
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tree | Vem outro freguês para cozer".
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tree | Ela o que queria era que me eu desandasse.
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tree | E eu fui.
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tree | Quando vim, já estava a fateixa feita.
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tree | Apareceram os meus filhos, o meu mais velho e a minha filha.
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tree | E eu disse assim: "Raio vos parta.
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tree | Ela a excomungada já fez a fateixa".
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tree | Diz:
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tree | "Ó minha mãe, não se aflija que eu vou dar com ela".
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tree | Lá andámos debaixo da masseira, duma caixa grande, num pilheiro, onde ela tinha [pausa] para aí obra duma broa em cima, para trás do forno,
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tree | e o meu filho lá foi dar com ela.
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tree | Diz: "Ó minha mãe, aqui está".
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tree | Depois eu [vocalização], está claro, andei, andei pela picueta.
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tree | Depois fui lá para me tornar a cozer
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tree | mas já [vocalização]: "Ai, eu não tenho vagar,
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tree | ah não tenho vagar".
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tree | "Então já enriqueceu com a com a massa que me roubou?
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tree | Já enriqueceu"?
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tree | "Ai menino Jesus perdoai-me, já que ela não me quer perdoar"!
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tree | Digo: " [vocalização] Que te perdoe Deus ou o Diabo".
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tree | Nunca mais!
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tree | Depois digo: "Bem, tratem de me comprar um forno".
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tree | Depois um senhor que mora ali nos Jorjais, ali à borda da estrada que [vocalização] até lhe chamam, é, era can-.
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tree | É cantoneiro,
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tree | o que é agora está reformado.
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tree | Era de Amarante.
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tree | Acho que é o que é o carteiro.
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tree | É, é.
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tree | Era de Amarante.
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tree | E eu disse: "Ó senhor Aristipo, o senhor quando for a Amarante, traga-me um forno".
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tree | Disse: "Trago, sim senhor.
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tree | E trago um para o Freixo".
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tree | então o meu,
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tree | e trouxe um para o Freixo.
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tree | Olhe dei em o cozer foi.
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tree | Nunca mais me roubou mais nada.
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