tree | INF2 Têm assim um maço.
tree | É assim,
| tree | a gente vai,
| tree | traz na mão…
| tree | A gente vai acalcando com os pés .
| tree | | tree | INF1 Deixa falar por causa disso.
| tree | INF2 Pois não.
| tree | | tree | INF1 Pois.
| tree | Por causa que isto – não sabe? – está a gravar.
| tree | INF2 Ah pois.
| tree | | tree | | tree | INF1 Pois, pois, pois.
| tree | Pois.
| tree | De maneira que a gente tem um maço,
| tree | a gente depois vai acalcando à frente;
| tree | e outras vezes, até tínhamos que voltar assim ao para trás, com o calcanhar, para ele ir calcar.
| tree | Porque, é claro, a uva, está tudo aquilo inteiro,
| tree | aquilo está duro, tudo.
| tree | | tree | INF1 Quando for depois à outra depois tiramos fora.
| tree | Não é?
| tree | Para fora.
| tree | .
| tree | para o outro lagar.
| tree | Aquele está a fermentar.
| tree | Depois vai fermentando,
| tree | vai vai aquecendo,
| tree | vai indo,
| tree | vai tudo à frente,
| tree | e depois quando a gente vai, outra pisa, outra vez.
| tree | Estamos ali um dia, ou coisa, tirar, a meter para dentro,
| tree | ganhar fermentação, a pisar.
| tree | E depois, é claro, fica aquela noite.
| tree | outro dia, já ele está aquilo a levantar, tudo no ar.
| tree | Já está o mosto a aparecer por baixo, o mosto,
| tree | e já está o engaço todo a levantar por para cima.
| tree | A gente depois vai lá para dentro outra vez,
| tree | toca de acalcar.
| tree | Começamos cá de fora, assim num patamar, com os maços a acalcar
| tree | e depois saltamos lá para dentro.
| tree | Toca de outra vez de acalcar.
| tree | Damos ali duas ou três corridas.
| tree | E ele a subir para cima!
| tree | vezes até se conhece até se conhece, com licença, aqui as nalgas do, do do rabo, naquela espuma dentro com o vinho branco,
| tree | é [vocalização] é nojento.
| tree | O vinho branco é nojento.
| tree | [vocalização] Ganha uma espuma branca, branca,
| tree | não sei o que aquilo me parece.
| tree | Muito grande!
| tree | De maneira que a gente a acalcar aquilo tudo.
| tree | Bom, calca-se<
tree | e depois vai-se provando
| tree | e vai-se pesando.
| tree | Quando está a zero, quer dizer, eu para mim, por acaso, por acaso não era preciso pesá-lo.
| tree | Sabia quando ele estava a zero.
| tree | Quando eu o metesse na boca, o mosto, que eu fosse ali e tirasse um pouco de mosto, e metesse na boca e que me repunisse, já sabia que ele estava em ordem de sair.
| tree | Agora, se eu o consentisse na boca, que estivesse ainda maduro, doce, não pode!
| tree | Porque o vinho Porque há uma diferença no vinho branco para o vinho tinto:
| tree | [pausa] o vinho branco pode-se fazer de bica aberta,
| tree | quer dizer a gente, de bica aberta, estar a espremer e tudo, e estar a sair e ir para dentro do, do da vasilha.
| tree | Lá ferve
| tree | e fica bom.
| tree | Fica natural.
| tree | Desdobra
| tree | e fica bom.
| tree | | tree | INF1 Fica natural.
| tree | E o tinto não pode fazer assim.
| tree | O tinto, se for com um bocadinho de maduro, um bocadinho de acidez, que leve um bocadinho, mas que seja pouco – mas que seja pouco, mas que leve pouco – de acidez, quando for no fim de cozido, lá está.
| tree | Não sei se já alguma vez beberam.
| tree | Eu, por acaso, quando havia, bebi algumas vezes.
| tree | A gente bebe um copo de vinho, ou bebe uma pinga de vinho,
| tree | e ao resto acha-o maduro,
| tree | acha assim: "Eh pá, o gajo é guloso".
| tree | É maduro.
| tree | Esse vinho é tirado com, com com acidez, com, com com maduro ainda.
| tree | | tree | INF1 Não é tirado de natural.
| tree | O branco pode sair de qualquer maneira e o tinto não pode.
| tree | Olhe que são filhos da parreira à mesma
| tree | e têm tem diferença.
| tree | | tree | INF1 O tinto tem que chegar para o coisa.
| tree | Porque eu sucedeu-me um caso:
| tree | um pouco do de vinho lá na na quinta, ali.
| tree | Havia cânhamo no campo
| tree | e o guarda andava de posse de mim por causa de ir [vocalização] vindimar o resto das uvas.
| tree | Diz: "Eh pá!
| tree | A ver se entendias mais uvas, que os os gajos do cânhamo dão cabo das das uvas todas".
| tree | Lá [vocalização], de noite, iam lá às uvas todas.
| tree | E ele não podia lá estar estar sempre.
| tree | E eu tirei o vinho…
| tree | Até, lembro-me bem, numa quarta-feira.
| tree | Eu havia de passar no outro dia,
| tree | havia de tirar na quinta-feira.
| tree | Tirei numa quarta-feira.
| tree | .
| tree | E o vinho ia com um bocadinho de maduro.
| tree | Quando foi no no fim de cozido, estava doce à mesma.
| tree | O meu patrão chegou ao pé de mim
| tree | e disse-me…
| tree | Disse: "Ó Guilherme, não sabe?!
| tree | O vinho tem que ser queimado.
| tree | [vocalização] A fiscalização não mo deixa vender".
| tree | "Porquê"?
| tree | "O vinho tem o maduro.
| tree | Quando se acaba de beber, tem o maduro".
| tree | Eh pá, eu custou-me tanto aquilo –
| tree | desculpem desta minha conversa –,
| tree | eu custou-me tanto aquilo que eu depois andava parece-me…
| tree | Um rapaz que estava lá a vender o vinho – já morreu até –, estava lá a vender o vinho, diz assim: "Eh pá, há-des ver,
| tree | quando vierem aí ao vinho, dá-lhe o vinho, aquele vinho a provar a ver se querem comprar".
| tree | E ele deu o vinho a p- a provar até ali a uns tipos, ali de Rio de Moinhos, a uns tipos de nota, e tal, que compravam muita porção para engarrafar.
| tree | E deu a provar: "Eh pá, mas se isto é vinho!
| tree | é esp-, é esp- É especialidade, pá!
| tree | Este vinho, quando for ao fim de dois anos, já é é vinho do Porto.
| tree | É exactamente vinho do Porto".
| tree | Eu por acaso até comprei também dois litros dele.
| tree | E era [pausa] engarrafado,
| tree | quando foi ao fim de dois anos, era vinho do Porto.
| tree | Primeiro perdeu a cor,
| tree | [pausa] aquele barro assentou todo,
| tree | ficou espelhado, limpinho, limpinho, dourado que não sei o que aquilo me parecia.
| tree | Perdeu a cor ao caminho.
| tree | E então com aquele madurozinho, aquilo era era de a gente beber e chorar por mais.
| tree | Tudo.
| tree | E depois eu pedi ao patrão.
| tree | Ele assim: "Eh, ah, pá, mas eles ainda são capazes de depois lá ir",
| tree | disse ele.
| tree | Tanto lhe pedi,
| tree | tanto lhe pedi,
| tree | ele tinha uma máxima confiança comigo,
| tree | disse: "Olhe, então diga lá então para o vender, que eu tenho lá um pouco daquele lado" – que é do Lombão, que também pertencem à mesma casa – "que está baixo,
| tree | tem pouca graduação,
| tree | e de maneira que eu dou-o para para a Federação, para eles queimarem, para eles lá queimarem no lugar daquele".
| tree | Olhe, não chegou a durar uma semana.
| tree | Eles levaram tudo,
| tree | mesmo a tropa, ali aquele, aqueles aqueles sargentados, aqueles oficiais, vieram ali buscar barris deles e tudo, para engarrafarem.
| tree | Mais tarde disseram-me que aquilo que era tal e qual vinho do Porto.
| tree | por vinho do Porto.
| tree | Bom, vê?
| tree | É claro, a diferença.
| tree | E são parreiras!
| tree | São duas parreiras!
| tree | É a diferença do vinho.
| | |