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tree | INF1 Sou o Guilherme.
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tree | INF1 A idade, tenho oitenta e sete anos, feito no dia 2 de Abril.
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tree | INF1 Nasci em 1904.
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tree | INF1 Que eu nasci!
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tree | INF1 Nasci cá, sim senhor.
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tree | Mas tive pouca sorte porque [vocalização], quando a minha mãe morreu, tinha dezoito meses.
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tree | INF1 Fui criado Fui criado com minhas tias.
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tree | INF1 O meu pai andava por fora na na limpeza de sobreiros, e tirar a cortiça, e tudo.
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tree | E fiquei por aqui sozinho.
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tree | INF1 E apanhei uma crise ruim, ruim!
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tree | Olhe que apanhei uma criação ruim!
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tree | Ia à casa das minhas tias pedir um bocadito de pão de milho.
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tree | Pão de milho, que era o que se usava naquele tempo; agora ninguém sabe o que é.
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tree | Se perguntarem o que é pão de milho, não sabem.
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tree | De maneira que ia lá pedir
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tree | e às vezes trazia-o dentro do bolso, porque os outros também tinham fome,
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tree | e batiam-me na mão,
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tree | caía para o chão
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tree | e eu já não o apanhava.
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tree | Depois lá começava a chorar,
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tree | tinha que ir buscar mais.
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tree | Isso é que foi a minha criação!
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tree | Ia apanhar folhas, flores do marmeleiro e ia a meter na boca, a comer as flores, e das roseiras.
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tree | E comer.
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tree | Uma vez apanhei uma flor do do marmeleiro,
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tree | tinha lá uma abelha dentro,
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tree | na língua.
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tree | INF1 Estive Estive em casa duma tia deitado de barriga para o ar
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tree | e ela a espremer-me limão aqui para dentro da boca.
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tree | Aquilo doía que eu cá sei!
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tree | INF1 Eu passei…
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tree | Eu Eu é que sei o que eu passei, com esta idade que tenho,
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tree | é que eu sei o que eu passei, minhas meninas.
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tree | Pois foi!
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tree | INF2 Eu?
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tree | INF2 Setenta e nove.
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tree | INF2 Guliver.
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