| tree | INF1 O senhor engenheiro chegou ao pé de mim [vocalização]: "Ó Guilherme não vá lá marcar as oliveiras que eu já vi".
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| tree | Mas não disse mais nada.
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| tree | Eu depois: "Ah, então tu não dizes nada?
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| tree | Então como é que é isto"?
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| tree | Depois voltei para trás,
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| tree | fui outra vez ao pé dele,
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| tree | fui ao pé dos homens,
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| tree | voltei para trás.
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| tree | "Ó senhor doutor, afinal disse isto assim, assim,
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| tree | mas o senhor não me explicou se está bem nem se está mal".
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| tree | Tudo.
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| tree | "Olhe, aquilo é demais.
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| tree | Aquilo foi demais um bocadito.
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| tree | Você diga-lhe a ele quando ele cá aparecer que [vocalização] que venha ter comigo ou ali com o feitor, para lhe dar um bocado de oliveiras para ele arranjar à vontade dele".
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| tree | E de maneira que até lhe dei um bocado de oliveiras, que é é onde está aquele bairro ali.
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| tree | Secaram todas por completo.
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| tree | Todas.
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| tree | Foi para lá com os homens,
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| tree | cortou aquilo tudo,
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| tree | cortaram…
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| tree | INF2 A terra não era grande coisa.
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| tree | INF1 A terra é ruim.
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| tree | INF2 E depois chegaram,
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| tree | morreram.
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| tree | INF1 Aí é que está a diferença:
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| tree | é de não conhecerem os sítios.
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| tree | Porque a gente sabe que aquela terra ali que por baixo é escumalho.
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| tree | Não sei se a senhora conhece?
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| tree | INF2 Ali há muito calhau.
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| tree | Há muito calhau!
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| tree | INF1 As meninas conhecem o que é escumalho.
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| tree | É, por exemplo, torrões.
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| tree | vezes já tenho visto coisos,
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| tree | aparecem em qualquer banda,
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| tree | e vêm uns torrões de de terra agarrada uma com outra, calhaus e e o barro.
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| tree | INF1 Uma coisa muito presa, pa- quase como pedras.
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| tree | INF1 Com aqueles calhaus agarrados e tudo.
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| tree | Deus me valha-me!
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| tree | Aquilo é como o raio!
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| tree | Não tem nada!
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| tree | Nem que a árvore quisesse comer, não tinha nada para comer.
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| tree | Não tinha nada para comer.
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| tree | INF1 De maneira que [pausa] da deu aquilo.
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| tree | [pausa] Deu aquilo ali até que se acabou tudo.
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| tree | INF1 Nunca mais me apoquentaram.
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| tree | Depois o patrão: "Você termine lá o serviço e a poda conforme entender".
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| tree | Mas, é claro, eu tinha informações do senhor engenheiro Hálio – que esse era também um bom mestre;
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| tree | era era um mestre lá da Escola Agrícola de Santarém, lá em baixo em Vale de Estacas.
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| tree | Até lá estive lá umas das vezes,
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| tree | lá fomos ver algumas provas que os que os estudantes andavam a fazer.
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| tree | Lá tinham uns uns quadrados cada um com uns arames para tapar em volta.
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| tree | Para cada qual ter lá a sua prova, para fazer o seu serviço.
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| tree | E eu fui lá até coiso pois com ele.
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| tree | E eu fui sempre um tipo que que, enfim…
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| tree | Noto as coisas
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| tree | [pausa] mas depois, andando sozinho, ando a pensar, ando.
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| tree | INF1 Às vezes ou por aqui ou por ali, e tal, ando a pensar as coisas.
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| tree | Mas este tempo, a idade já se chegou,
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| tree | agora já não posso [pausa] trabalhar.
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| tree | INF1 Já não posso.
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| tree | INF1 Pois.
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| tree | Posso pensar na mesma coisa.
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| tree | INF1 Posso pensar na mesma coisa.
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| tree | INF1 Posso pensar.
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