aí de
tree | precisava de levar dentes novos.
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tree | INF2 Porque os dentes gastavam-se.
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tree | Eles gastavam-se.
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tree | INF1 Tínhamos que ir buscar um carpinteiro para endentar lá isso,
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tree | INF1 Aquilo eram eram vidas que eu gostava muito.
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tree | E [vocalização] E levava muito boa vida!
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tree | Levava lá muito boa vida,
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tree | não fazia nada quase!
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tree | A gente estávamos ali só então à espera do vento.
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tree | INF2 Ah, mas isso [vocalização] tinham eles um…
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tree | INF1 Tínhamos um criado, um carreteiro.
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tree | INF2 Os moleiros tinham sempre um carreteiro,
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tree | não eram eles!
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tree | INF1 O moinho estava…
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tree | INF1 O moleiro não podia desprezar o moinho.
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tree | INF2 Não.
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tree | Os carreteiros é que têm uma vida ruim;
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tree | agora os moleiros não.
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tree | INF1 A gente não podia desprezar…
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tree | INF2 Tinham!
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tree | INF1 Pois,
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tree | tínhamos um carreteiro que andava a acartar.
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tree | INF2 Olha que eu lembro-me um pouco aquela vida!
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tree | INF1 Ora Ora eu estava sempre [pausa] estava sempre lá
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tree | porque a gente não podíamos desprezar o mo- o moinho.
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tree | INF2 Muito tempo, não.
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tree | INF1 O vento hoje estava daqui,
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tree | am- daqui a nada já estava dali,
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tree | e se ele virasse e a gente lá não estivesse, quebrava o moinho.
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tree | INF1 Dava-lhe por trás nas velas
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tree | e as velas roçavam-se para diante,
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tree | iam…
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tree | INF2 Isso dormiam lá grandes sestas!
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tree | INF1 Ia-se tudo embora!
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tree | tudo embora!
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tree | Ai, isso dormi lá algumas!
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tree | INF2 Isso eram…
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tree | Não!
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tree | Olha, isso eram te-…
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tree | São terríveis para dormir os moleiros!
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tree | INF2 E acostumavam-se.
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tree | Estavam acostumados.
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tree | INF1 Ai, eu dormia à mesma lá com o barulho do moinho!
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tree | INF2 Estavam acostumados.
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tree | É verdade!
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tree | INF1 Às vezes queria eu ir com o barulho…
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tree | A gente tinha essas buzinos no moinho – chamava-lhe a gente os buzinos de cana…
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tree | INF2 De cana ou de de, de barro.
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tree | Também havia os buzinos de barro.
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tree | INF1 Ou de barro.
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tree | De barro quebrava-se o moinho
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tree | e o barro ia logo todo embora;
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tree | e os de cana não,
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tree | caíam
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tree | e não se quebravam.
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tree | E se se quebrassem, a gente arranjava logo outros.
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tree | INF2 É,
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tree | punham os buzinos.
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tree | INF1 Depois a gente quando está- estávamos aqui em casa…
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tree | Eu estava aqui
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tree | e sabia se o moinho andava depressa, se andava devagar.
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tree | INF2 Ou não.
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tree | Com aquele Com aqueles buzinos.
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tree | INF1 Com aquilo eu sabia se o moinho andava depressa ou devagar.
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tree | INF1 Às vezes abalava daqui a correr,
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tree | andava a criar os garotos,
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tree | cheguei daqui a abalar…
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tree | Esta ia buscar [pausa] carradas de, com a carroça e o burrico,
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tree | ia buscar uma carrada de [vocalização] milho, taleigos duns e doutros, às vezes mais de dez e vinte taleigos em cima da carroça,
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tree | e eu ficava aqui a trabalhar
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tree | e às vezes abalava com os garotos para o moinho.
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tree | Eram vidas apertadas!
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tree | INF2 Ah, isso eram!
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tree | Eram vidas apertadas!
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tree | INF1 E a gente abalávamos
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tree | e íamos íamos…
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tree | Eu ia para o moinho,
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tree | depois ela ia lá ter com a carrada de milho, taleigos dos fregueses,
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tree | e depois às vezes estava lá,
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tree | outras vezes não estava lá.
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tree | Pronto.
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tree | Era Passava-se assim a vida.
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tree | Tinha que ser assim.
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tree | INF2 Naquele tempo era assim.
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