tree | INF1 Mas olhe que quem matar um porquinho…
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tree | INF2 É só para dar aos filhos todos .
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tree | INF1 E aos netos.
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tree | INF2 Chouriças, moiras e .
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tree | INF1 É tudo.
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tree | Nós não comemos nada, a modo de dizer.
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tree | Olhe, mas…
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tree | INF3 Olhe, ela não pode comer.
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tree | INF1 Mas, mas quem Mas quem…
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tree | INF3 E eu também não.
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tree | INF1 Mas mesmo que seja pequenino…
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tree | INF2 Eu também não posso comer.
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tree | INF1 Costuma-se cá dizer às vezes…
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tree | A minha avó – que Deus lhe perdoe – dizia assim…
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tree | [pausa] Ele, às vezes, eu dizia-lhe assim: "Nunca mais matais um porquinho!
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tree | a matar um porquinho"!
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tree | ela para mim, a minha avó.
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tree | E [vocalização]: "Olha que diz que quando o teu vizinho matar um porco, mata tu um tordo!
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tree | Olha, conheceis a novidade de tudo"!
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tree | E é verdade.
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tree | Nem que seja pequenino, a gente conhece de tod- de tudo.
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tree | E escusa de a gente estar a olhar para as mãos dos outros.
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tree | E a gente nas feiras não sabe o que compra.
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tree | E em casa sabe o que tem.
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tree | [pausa] Pois é.
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tree | Nós estávamos os aninhos todos a matar.
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tree | Eu matava…
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tree | Todos os anos matava um para mim e outro para uma minha filha que tenho em Lisboa, para a minha Juvina.
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tree | Ela este ano vai estranhar.
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tree | Mas [vocalização] que o mande comprar à feira.
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tree | comprar.
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tree | Ela a mim também mo pagava.
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tree | Eu este ano não pude,
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tree | olha, não posso.
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tree | INF3 Ela manda a massa
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tree | e eu vou comprando
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tree | e mato,
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tree | pronto!
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tree | INF1 Ela manda o dinheiro
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tree | e a gente mata-lho.
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tree | INF3 E mais nada.
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tree | INF1 Vai-lho comprar a Trancoso ou ali em Sernancelhe, ou assim,
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tree | e mata-se-lhe.
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tree | INF2 Pois, eles sabem quem é.
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tree | INF1 Eles lá não podem fazer estas coisas.
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tree | Não têm adonde fazer estas coisas,
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tree | lá não há…
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tree | Nem o sal de lá…
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tree | Não derrega.
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tree | INF3 Nem o sal lá aguenta a carne.
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tree | INF1 Vê lá tu, o que faz a diferença às coisas.
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tree | INF3 O sal de Lisboa não derrega a carne.
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tree | INF1 Ó senhora dona Élia olhe que não derrega!
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tree | INF3 Eu vi aqui em Moimenta
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tree | levámos daqui quase um porco inteiro,
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tree | tivemos que o botar quase todo fora.
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tree | INF1 Estragou-se tudo!
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tree | INF3 Estragou-se tudo!
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tree | INF1 Então foi como quando o meu irmão para lá foi…
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tree | INF3 Salgámo-lo lá nos caixotes,
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tree | viemos [vocalização],
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tree | quando foi ao fim de pouco tempo estava tudo estragado.
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tree | INF1 Cheirava mal, muito mal.
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tree | INF3 Para botar fora.
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tree | INF1 Agora aqui é aqui também é o frio.
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tree | O frio é que ajuda a a fazer os fumeiros bons.
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tree | INF3 E quem derrega o sal?
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tree | É o tempo, a humidade.
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tree | INF1 É o tempo, a humidade.
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