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tree | INF1 Pois.
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tree | E depois iam botar ao rio?
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tree | INF1 Pois.
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tree | Ah!
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tree | Mas a gente Mas [pausa] a gente…
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tree | INF1 [vocalização] Diz-se Diz que para o lado de Tondela costuma costumam pôr num púcaro e irem botar a ferver dentro do púcaro [pausa] essas coisas.
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tree | Nós cá, não.
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tree | Nós cá, não.
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tree | Nós cá, [vocalização] depois do fumadoiro, vai-se botar à ribeira.
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tree | rio, não é?
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tree | INF2 Pois.
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tree | INF1 Ao rio.
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tree | A gente volta as costas –
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tree | não olha para aquilo.
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tree | A gente leva as coisas de atalhar o ar num, num num púcaro ou num [vocalização] numa tigela, em qualquer coisa.
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tree | A gente chega lá,
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tree | vira para trás,
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tree | toca a andar para casa.
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tree | INF2 Pois.
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tree | INF1 Tudo, vai tudo para a para o rio.
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tree | Tudo o que fica vai para o rio.
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tree | É quando o ar larga.
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tree | Que é:
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tree | dizem que o ar que foge.
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tree | Quando a gente vai botar aquilo, vai o ar junto.
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tree | INF1 Não, minha senhora.
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tree | É [vocalização] É [pausa] qualquer coisa mau que às vezes passa por a gente.
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tree | INF2 Pois é.
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tree | INF1 Qualquer coisa.
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tree | INF2 É vento!
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tree | INF1 Uma encruzilhada.
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tree | Uma encruzilhada é muito perigosa!
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tree | [vocalização] A senhora sabe o que é uma encruzilhada ainda melhor do que eu.
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tree | INF1 De caminhos.
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tree | É isso é perigoso.
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tree | [vocalização] É que a gente até quando passa nesses caminhos deve dizer assim: "Deus me salve,
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tree | Deus!
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tree | Deus me salve,
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tree | Deus"!
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tree | Três vezes.
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tree | É muito bom a gente dizer: "Deus me salve,
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tree | Deus!
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tree | Deus me salve,
|
tree | Deus"!
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tree | É muito bom por causa de…
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tree | Já não dá nada.
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tree | INF2 Pois.
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tree | Pois é…
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tree | INF1 Já não dá nada.
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tree | INF2 Eu tive um filho [pausa] que esteve uma porção de meses…
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tree | Morre agora,
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tree | acaba logo…
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tree | INF1 Embaçados.
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tree | Então embaçados,
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tree | enquanto a gente os não curar, não saram.
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tree | Pode a gente gastar dinheiro com o doutor.
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tree | INF2 E se ele…
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tree | INF1 Pois.
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tree | INF2 Vinha um à noite vê-lo – porque era o pai, que já estava aposentado.
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tree | INF1 Pois.
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tree | INF2 E vinha o senhor doutor Erasmo de dia.
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tree | Mas dantes não não receitavam injecções.
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tree | INF1 Pois não.
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tree | Não era…
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tree | INF2 Era [pausa] ventosas.
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tree | INF1 Era.
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tree | E olhe que não era mais mau.
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tree | Eram boas.
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tree | INF2 Ventosas.
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tree | Receitavam aquelas ventosas.
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tree | Mas já nem tinha donde se lhe poder podia pôr.
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tree | INF1 Pois não.
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tree | INF2 Aquela Aquela carne tostada daquela ventosa.
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tree | Depois rebenta a carne, assim, dentro da ventosa.
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tree | INF1 Elas rebentavam,
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tree | elas enchiam.
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tree | INF2 E depois tiravam, porque era para puxar aquela aquele .
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tree | INF1 A dor fora.
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tree | Aquela porcaria fora.
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tree | INF2 Enquanto não fomos lá a um bento, [pausa] o rapaz secava-se.
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tree | [pausa] O doutor não dava com o remédio, com com a doença.
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tree | Como é que havia de dar?
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tree | Não dava.
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tree | [pausa] O homem, assim que lá chegou, disse assim o meu Epaminondas…
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tree | o meu Epaminondas…
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tree | E eu cuidei que…
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tree | Era no tempo das castanhas, que andavam aí as raparigas, que lhe dessem alguma mistela.
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tree | E ele estava doido.
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tree | Não dizia coisa com coisa, com a febre,
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tree | não dizia coisa com coisa.
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tree | [pausa] "O seu filho não foi nada que lhe fizeram!
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tree | Sabe o que foi?
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tree | [pausa] Foi a guardar umas vacas".
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tree | É por isso que ele invoca um espírito
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tree | e o espírito é que lhe diz lá para ele o que é e o que é que não há-de fazer.
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tree | [pausa] O que é que é?
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tree | Há pessoas médias.
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tree | INF1 Pois há.
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tree | INF2 Eu não.
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tree | INF1 A minha menina, a minha neta…
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tree | INF2 Eu não.
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tree | INF1 Olhe, a minha netinha, a que está lá em Lisboa, a a tolita, a que é é tolinha.
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tree | Tenho uma neta mui- já com vinte e seis anos que é doidinha.
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tree | Não é assim bem doida, coitadinha!
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tree | Foi a meningite que lhe deu, pequenina.
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tree | INF2 Foi a meningite que lhe deu de pequenina.
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tree | INF1 Foi a meningite.
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tree | Mas essa minha netinha, foi a meningite
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tree | e quan- e quando nasceu, logo quando nasceu, entrou para ela um espírito marinheiro!
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tree | Pescador.
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tree | Olhe, a senhora não se lembra que ela ia a uma faixa de palha,
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tree | toda
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tree | e andava sempre:
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tree | bumba!
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tree | Não se lembra?
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tree | Ela ripava as palhas,
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tree | ia para o pédotanque, para a água:
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tree | bumba, bumba!
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tree | Tal e qual como o pescador botava o anzol para pescar, assim ela andava sempre com as palhitas.
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tree | Ou uma linha que encontrasse no na rua, andava sempre assim.
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tree | Em volta daqueles tanques todos.
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tree | E nunca caiu a um tanque!
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tree | Nunca!
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tree | E quando fomos co- lá àquela que havia ali ao pé de Moimenta, ao Castelo…
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tree | INF2 Ao Castelo.
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tree | INF1 Ao Castelo.
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tree | Ela disse-nos assim: "Essa menina não é média.
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tree | É uma média grande.
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tree | É pena ela não ter vocação que se possa governar.
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tree | Porque é uma média
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tree | mas é uma média grande.
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tree | Porque entrou para ela, logo quando ela nasceu, um espírito pescador".
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tree | nascer, ao nascer, veja lá!
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tree | INF2 Veja lá!
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tree | INF1 Ao nascer!
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tree | INF2 Vejam lá!
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