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tree | INF As crianças…
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tree | vezes dizem que aquele cocó mole das crianças que é…
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tree | INF E dos adultos.
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tree | Que é é dores de barriga que dão e são vírus viles.
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tree | Chamam assim umas coisas.
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tree | Nós cá chamamos-lhe aquilo, quando é as crianças: "Ai, isto foi foi quebranto que lhe deu",
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tree | ou "Foi assim".
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tree | Mas [vocalização] lá para lá, isso não acreditarão,
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tree | não sei.
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tree | "Isso foi quebranto que deu à criança ou é embaçado, e"…
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tree | Mas embaçado é verdade.
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tree | INF Embaçado, sabe o que é?
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tree | É o estômago que se vira às criancinhas.
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tree | E os médicos não dão com isso.
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tree | Eu dou.
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tree | Eu componho-as.
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tree | Eu componho as crianças.
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tree | Quando é:
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tree | crianças começam a vomitar muito, a vomitar tudo fora, e a fazerem só cocó muito molezinho, só soltura – chamamos nós soltura – e assim,
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tree | e eu componho-os.
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tree | INF Olhe, componho-os bem.
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tree | Olhe, deito-os de cima duma mesa ou duma cama.
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tree | E os meninos, quando estão assim embaçados, impam:
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tree | ãhh, ãhh, ãhh!
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tree | Fazem assim.
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tree | E a barriguinha muito rija.
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tree | E então, eu deito-os assim em de cima duma mesa ou de cima duma cama,
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tree | e tenho um bocadinho de azeite num pires – ou numa chavenazinha, ou numa tigela, em qualquer coisa –,
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tree | e depois eu lavo as minhas mãos muito lavadinhas,
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tree | com álcool,
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tree | e no fim esfrego-as com aquele azeite,
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tree | e depois aqui…
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tree | Supomos que isto Supomos que isto assim, isto é a criança
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tree | e aqui tem os pezinhos,
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tree | e a gente une um pezinho assim com o outro
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tree | e o que e se estiver embaçado [vocalização] um pé é maior do que outro.
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tree | Um dedo cresce – o dedo grande –,
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tree | cresce mais que o outro pé.
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tree | E a gente depois, eu depois com com as minhas mãos, molho as mãos assim no azeite,
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tree | assim muito esfregadinhas,
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tree | e faço-lhe assim, assim, assim.
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tree | INF Assim, na barriguinha assim.
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tree | Começa a gente daqui para cima, da, da mesmo daqui das partes assim para cima, a correr assim para cima, tudo para cima, tudo para cima,
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tree | e a gente dá com o estômago.
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tree | Quando estão embaçados dá com ele.
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tree | É assim,
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tree | vai indo,
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tree | vai indo,
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tree | é três dias que a gente o cura
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tree | e o estômago torna para o lugar dele.
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tree | Já nem obram mole nem nem vomitam.
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tree | Eu componho-os muito bem.
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tree | Muito bem, muito bem!
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tree | Até já em Lisboa eu compunha muita criança.
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tree | Estava lá uma uma senhora que tinha só uma menina.
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tree | E era mãe da porteira…
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tree | Era filha da porteira,
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tree | mas ela vivia muito bem, a filha.
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tree | Estava a pôr a mão como que era ela a porteira,
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tree | porque a mãe não sabia ler
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tree | e não a queriam lá,
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tree | ela é que fazia as vezes da porteira,
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tree | é que assinava.
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tree | E depois um dia apareceu-me lá: "Ó dona Ercília!
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tree | Ai, a minha menina está tão malzinha!
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tree | A minha menina morre-me!
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tree | A minha menina morre-me"!
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tree | "Não morre, não senhor".
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tree | "Ai, disseram-me que a dona Ercília"… – quem está lá, é tudo "dom" –
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tree | "Se a senhora…
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tree | Que lhe dá um jeitinho, se a senhora lá viesse"…
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tree | "Eu vou, sim senhora".
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tree | eu.
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tree | "Eu vou lá".
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tree | Cheguei lá,
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tree | compus a menina,
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tree | já quando foi ao outro dia que eu lá fui, já não andava.
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tree | Ela sentia-se cá fora:
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tree | ãhh, ãhh, ãhh!
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tree | E já tinha uns três anos.
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tree | Já era crescidinha.
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tree | a menina.
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tree | outro dia tornei lá,
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tree | tornei lá outra vez,
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tree | .
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tree | Essa senhora nem sabia o que me havia de fazer.
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tree | Porque ele diz que já tinha corrido os médicos todos de Lisboa e que nunca nenhum lhe deu com a cura.
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tree | Era embaçada!
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