tree | INF1 Aquilo o pai deu-lhe uma adoeceu
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tree | e meteu-se a caminho na cama.
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tree | Ele tinha tanto medo do frio que ele pendurava um ati- um fio de linha na no tirante a ver se o fio…
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tree | Ele até o buraco da fechadura [vocalização] artilhava para para não apanhar vento.
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tree | INF2 Estava artilhado.
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tree | INF1 É que [vocalização] Era aquela cisma que tinha de, de não haver nenhum.
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tree | Era doença,
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tree | era doença.
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tree | Ele deitava o fio para ver se havia vento que abanasse.
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tree | Se havia um pouco de vento, ele vento não queria!
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tree | INF2 E os filhos Os filhos padeceram, coitadinhos, pequeninos.
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tree | Ele seis filhos pequeninos e uma amante!…
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tree | INF1 Olha, foi a caminho ,
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tree | começou a lavrar,
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tree | a minha tia Gabriela é que mudava o arado ela era quem …
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tree | INF2 Sim.
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tree | INF1 Tão novo e tão fraquinho que não podia com o arado!
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tree | Assim quando os bois pastravam na pastradura, ele botava o rabo do arado aqui ao ao ombro
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tree | e então é que pastrava.
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tree | Não podia com ele na mão.
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tree | Que a gente aqui pega-lhe na na mão.
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tree | Mas ele era tão fraco e tão novo que era ao ombro.
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tree | Maneava agora,
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tree | virava os bois para trás
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tree | e o arado tem que dir com os bois.
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tree | INF1 Ai, o meu irmão!
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tree | Por aí padeceram muitos .
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tree | Eram muitos.
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tree | INF2 O teu irmão ainda foi um.
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tree | INF2 Eram três.
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tree | INF1 Eram.
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tree | INF2 Eram três.
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tree | Eram três irmãos.
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tree | INF1 Então, o Filomeno foi para o Brasil.
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tree | INF2 Sim, eles eram três irmãos e três irmãs.
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tree | INF1 Era…
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tree | Não.
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tree | Três irmãs, não.
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tree | Era só minha tia Gabriela.
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tree | Era só uma.
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tree | Era de ma- Para mim, era Gabriela, só uma.
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tree | INF2 Não havia também uma Georgina?
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tree | INF1 Não.
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tree | INF2 Não?
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tree | [pausa] Eu pensava que eram seis.
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tree | INF1 Não.
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tree | Não,
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tree | eram três.
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tree | Eram [vocalização] quatro!
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tree | [pausa] Três machos e uma fêmea.
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tree | |
tree | INF1 Foi.
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tree | [pausa] E acho que ele esse do Brasil teve sete filhos.
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tree | [pausa] Eles já foram visitar os nossos
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tree | e os [vocalização] e os nossos nunca foram lá.
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tree | [pausa] Estão lá numa parte do Brasil,
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tree | não sei…
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tree | INF2 Esse Esse Filomeno parece que o estou eu vendo,
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tree | fez exame aqui.
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tree | Não sei o exame [vocalização] [pausa] que que estudo é que teve,
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tree | mas [vocalização] fez exame.
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tree | INF1 É.
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tree | INF2 O padre [vocalização] Um padre que estava aí é que é que foi o professor deles.
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tree | um peso aos que mais soubessem.
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tree | Ora ele um peso, nesse tempo, [pausa] era muito dinheiro.
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tree | INF1 Era muito dinheiro.
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tree | INF2 Era muito dinheiro.
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tree | INF1 Meu pai passou…
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tree | Vá conta,
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tree | conta que talvez sabes melhor do que eu.
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tree | INF2 Não, anda lá.
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tree | INF1 Não, Feliciano.
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tree | Ele conta, conta!
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tree | INF2 Ele o padre prometia o peso,
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tree | e [vocalização] no dia do exame vai o pai do Felício para a para a escola.
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tree | A escola era no Outeiro, naquela casa onde que fica com a porta virada lá para, para para leste.
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tree | [pausa] O padre lá bota os rapazinhos a ler,
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tree | eles lá lêem.
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tree | Acabaram de ler,
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tree | [pausa] estiveram escrevendo um ditado.
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tree | [vocalização] Não sei agora que erros é que tiveram.
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tree | Não sei se tiveram muitos erros.
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tree | Isso agora é melhor não falar.
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tree | Passa uma conta a cada um deles.
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tree | [pausa] Lá vai um a mostrar a conta,
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tree | o padre vê a conta,
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tree | agarra no lápis,
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tree | um um traço na na conta,
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tree | estava errada.
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tree | Vai outro, [pausa] outro traço
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tree | e ele nada.
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tree | Diz que ele que era pequenino, mais pequenino que os outros.
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tree | Estava fazendo a sua conta [pausa] lá e a marcar.
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tree | [vocalização] Ora, ele já estava ele pegando lume de ele estar só a olhar para a [pausa] para o ar.
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tree | E os outros iam mostrar as suas pedras,
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tree | ele pensava agora que os outros iriam mostrar a [vocalização] ao professor que já eles estavam estavam sábios.
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tree | E ele, nada.
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tree | Lá quando lhe pareceu, já [pausa] zangado como uma gata, larga-se para casa.
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tree | Chega a casa
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tree | e pega com a mãe: "Ele é um doido!
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tree | Ele é um tolo"!
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tree | INF1 "Ele é um tolo!
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tree | Está só olhando para o tecto da casa
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tree | e não faz nada"!
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tree | INF2 "Não faz nada!
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tree | Não presta para nada!
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tree | Ele há-de ir assim para as terras com a gente [vocalização] "!
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tree | "Ó homem, coitadinho, ele é pequenino"!
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tree | "Ele pequenino ou grande, ele não tem nada acolá,
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tree | não faz nada,
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tree | ele é um doido"!
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tree | [vocalização] Estava muito zangado.
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tree | a pouco, chega o o garoto.
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tree | As po- As casas, todas usavam um portãozinho fora da porta.
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tree | Que era – as galinhas estavam nos pátios –, que era para as galinhas não entrarem para a cozinha.
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tree | Ele chegou,
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tree | era tonto que não que nem sequer chegava para abrir o portão.
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tree | como um gato para o portão fora, para tirar uma uma tramela que o portão tinha por dentro para abrir.
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tree | "Ó Filomeno, homem, paciência.
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tree | O Filóxeno está zangado,
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tree | diz que tu que não fazes nada, que és um doido"!
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tree | INF1 "Só a olhar para o tecto da casa".
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tree | INF2 "Só a olhar para o tecto da casa, que não fazes nada, que és assim"…
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tree | "Ou doido, ou não doido, o peso está aqui".
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tree | Risos Então ele: "Porque eu antes nunca vi semelhante peso"!
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