| tree | INF1 E nós, [pausa] a sacrificar, vamos à isca.
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| tree | A minha mulher é como vê a trabalhar.
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| tree | E trabalha de noite e de dia!
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| tree | E de noite também.
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| tree | às cinco horas da manhã [pausa] para ajudar a vida, para a gente [vocalização] resgatar a vida.
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| tree | E estão a atravessar a vida [pausa] do pobre…
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| tree | E fazer mal ao Estado!
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| tree | Ele é o Estado…
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| tree | O rio O Estado, ele pode pagar aos quinhentos escudos por ano…
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| tree | Vá que ele pague a um conto e quinhentos.
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| tree | A um conto e quinhentos, a gente, se calhar a coisa bem…
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| tree | A gente pode- podemos pôr perder as nossas artes – vê tanta arte que a gente tem aí…
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| tree | Tantos contos réis que estavam aí já empregados.
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| tree | Não julgue o senhor,
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| tree | uma arte destas já custa quase três contos.
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| tree | Quase.
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| tree | Este anzolinho está – não havia de estar mas está…
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| tree | Estava a seis escudos, o ano passado, seis e quinhentos,
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| tree | este a- agora está a vinte nove escudos!
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| tree | Uma madeixa de sedela destas [pausa] estava [vocalização] a cen- a, a nov- a oitenta [pausa] e cinco escudos – há quatro anos!
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| tree | Subiu,
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| tree | subiu.
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| tree | Há dois anos Há dois anos estava a noventa e [vocalização] cinco, depois a cento e vinte,
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| tree | agora está a trezentos [pausa] e cinquenta!
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| tree | E não há.
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| tree | O que subiu as coisas!
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| tree | Está bem,
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| tree | eu acho justo,
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| tree | mai-, ainda sobem mais da conta.
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| tree | Não havia de vir a ser justificado?
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| tree | Sim,
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| tree | vem do estrangeiro…
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| tree | Se a madeixa sedela vem do estrangeiro [pausa] por cento e cinquenta mil réis, qual é a razão de vender a trezentos e trinta?
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| tree | O que não vem elevado!
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| tree | Porque agora parece-me a mim que comprei uns anzóis…
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| tree | Que a um viajante, há dois meses, vi eu levar anzóis para vender a vinte e seis…
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| tree | [vocalização] Para ele venderam-lhe a doze escudos
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| tree | e ele só podia vender a vinte dois.
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| tree | Portanto que as coisas vêm baratas.
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| tree | O mais, eles estão têm os seus operários,
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| tree | têm [vocalização] é claro, têm os seus…
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| tree | casas têm que pagar,
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| tree | mas isto também não é assim que se faz.
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| tree | INF1 Bem, tem que ter uma percentagem,
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| tree | a gente sabe disso,
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| tree | as coisas estão caras,
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| tree | eles também…
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| tree | Um homem já ganha nove ou dez contos.
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| tree | A gente sabe bem disso.
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| tree | Mas as coisas é tudo normal.
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| tree | Aumenta este [vocalização] Foram aumentados cem,
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| tree | está a vinte nove escudos os anzóis,
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| tree | mês que vem está a trinta,
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| tree | outro mês…
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| tree | Então como é que é que isto ele é feito?!
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| tree | INF2 E não há!
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| tree | INF1 E não E não há que se fechem.
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| tree | Não pode ser assim.
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| tree | A gente conhece que têm que ganhar.
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| tree | Eles estão ali…
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| tree | Eu ganhar da minha vida
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| tree | e eles ganharam da deles!
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| tree | Mas não poderá ser assim tudo à barrigada.
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| tree | Que mais tarde quem tem fome morre.
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| tree | [vocalização] E a coisa prolonga-se pelo lado do mal…
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| tree | Sempre a gente explorar o outro,
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| tree | matar o outro,
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| tree | explorar,
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| tree | explorar!
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| tree | Queremos é igualdade,
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| tree | mas quer dizer [pausa] tudo viver de barriga cheia.
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| tree | "Só para mim"!
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| tree | Então e como é os outros?
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| tree | Como é os nossos filhos?
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| tree | É porque eu hoje tenho negócio que os meus filhos amanhã podem ir lá trabalhando.
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| tree | E a gente temos que levar-lhe alguma coisa.
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| tree | Porque a gente, nós precisarmos de alimento, precisamos.
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| tree | Mas temos que ser iguais .
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| tree | E não somos.
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| tree | Ainda somos menos que era-se antigamente.
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| tree | Agora ainda é cada vez pior.
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| tree | Sim,
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| tree | se aquele vende a dezano- a vinte nove, ele, se puder, vende a trinta e cinco, o outro vende a quarenta e nove, e coisa e tal.
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| tree | E a gente já sabe que temos que ganhar, temos…
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| tree | Porque hoje é assim.
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| tree | É demais,
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| tree | é demais!
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| tree | E cada vez pior!
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