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tree | – ah, filho dum cabrão! –, mudou ali da Alagoa para uma propriedade, que é a Boiadeira.
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tree | [pausa] Mudou ali aquilo quase tudo com uns marquinhos lá à vontade dele.
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tree | E depois mais tarde foi andando com os marquinhos,
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tree | apanhou a Senceira – uma propriedade que é a Senceira.
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tree | E ninguém queria saber também daquilo,
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tree | fez lá um monte
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tree | e arranjou lá aquela coisa toda
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tree | e pôs-lhe lá o monte da Senceira.
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tree | E depois foi indo,
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tree | foi indo,
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tree | o gajo chegava a [vocalização] Sines, com aquela brincadeira, o cabrão.
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tree | Risos Daqui de ao pé de Montes Velhos chegava a Sines.
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tree | Abalou,
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tree | abalou, o pirata,
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tree | ele abalou coisa [vocalização]…
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tree | Aqui era a Alagoa,
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tree | e apanhou a Boiadeira
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tree | e apanhou a Senceira.
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tree | Mas lá pegado com a Senceira há um monte que é o Manguelho.
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tree | E E estava lá gente já morando nesse monte.
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tree | Que o lavrador Honorato, ainda conheci esse homem…
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tree | Era o lavrador Honorato, que ainda conheci.
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tree | Aquele Hipócrates Honório não tenho ideia
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tree | mas o outro conheci lá, o lavrador Honorato.
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tree | E esse um dia foi dar com os marcos da Senceira já lá quase todos dentro do Manguelho.
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tree | Oh, o gajo ia indo,
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tree | chegava ao mar!
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tree | O bicho era um pirata da primeira apanha!
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tree | Chegava, coiso e tal,
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tree | e era daqueles gajos [vocalização] da justiça, de coisa e tal,
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tree | e ninguém lhe dizia nada.
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tree | Ia para aí indo e pronto.
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tree | Ah, mas lá o Honorato do Manguelho – que eu conheci ainda bem – foi dar com os marcos
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tree | e foi logo lá caminho do monte.
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tree | Foi lá caminho da Senceira,
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tree | foi dar com o feitor: "Afinal, aqueles marcos estão já lá tão longe, que jeito tem aquilo, e tal.
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tree | Ah, por acaso eu já os colhi.
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tree | E [vocalização] eu não me importa de eles serem lá postos.
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tree | Mas tem que ser o seu patrão.
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tree | [pausa] Não é você que os vai lá tanchar.
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tree | O seu patrão é que os vai lá tanchar.
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tree | E eu deixo já aqui dito para o seu patrão estar lá tal dia de manhã, que eu estou lá de manhã,
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tree | que é para a gente tanchar os marcos".
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tree | Mas ao outro dia, com uma espingarda às costas, e ia contando se ele fosse lá para deixar os marcos,
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tree | lá.
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tree | lá morto.
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tree | E ele achou que o negócio para ali para aquele lado que não foi assim muito bom
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tree | e então o outro pegou nos marcos,
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tree | tanchar cá no lugar da Senceira
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tree | e lá para o lado do Manguelho já não foi.
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tree | Foi quem o segurou,
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tree | senão o cabrão ia parar ao mar!
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tree | Risos Só, só o mar é que Só o mar é que segurava o bicho.
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tree | Só o mar é que segurava o bicho.
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tree | Mais tarde acabou por morrer…
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tree | Sabe o que é que o pirata dum cabrão ainda fez?
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tree | Acabou por morrer
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tree | e a família, os outros Honórios…
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tree | Aquilo era uma família que era Hipócrates Honório.
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tree | E havia uns lá na Peroguarda…
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tree | Se vocês falarem lá na Peroguarda, eles ainda há lá, muitos Honórios.
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tree | |
tree | INF Há lá uns Honórios dessa da raça desse bicho.
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tree | [pausa] Esta dita filha casou
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tree | e o marido, [vocalização] um parvalhão qualquer e [vocalização] a querer tudo e também, guloso, mas guloso mas daqueles gulosos parvos, de lhe darem qualquer coisa…
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tree | O Hipócrates Honório morre
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tree | e ela, como filha – toda a gente sabia; pois estava ainda aí o feitor, esse que a tinha levado dentro duma alcofa para Messejana! –, sabendo que ela que era filha dele e estando ainda aí o homem e essa coisa toda, havia alguém que lhe tirasse aquela fortuna?
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tree | Ninguém!
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tree | O que é que o cabrão faz?
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tree | Quando morreu, deixou tudo para os sobrinhos!
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tree | Só tinha sobrinhos,
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tree | não tinha filhos!
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tree | Tinha aquela filha,
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tree | mas chegou-se para trás,
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tree | que não tinha filhos, que não tinha filhos,
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tree | e deixa tudo aos sobrinhos.
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tree | Os sobrinhos muito macacos chamaram o marido dessa senhora
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tree | e disseram-lhe e coisa…
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tree | Depois toda a gente dizia: "Vai coiso homem!
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tree | Vai coiso, que vais mamar aquilo.
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tree | Vai caminho de Beja!
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tree | Vai caminho dum advogado que aquilo é tudo teu,
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tree | a Alagoa e a Senceira e a Boiadeira, isso é tudo teu, homem!
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tree | Isso é tudo teu, homem!
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tree | Então Então se a tua mulher é que é a filha dá agora"!
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tree | Com os sobrinhos não se m- Mas os outros todos ministros ainda – e moravam aqui uns –, o que é que fizeram a esse gajo, o marido dela?
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tree | : "Então que conversa é essa?
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tree | lá disso, homem!
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tree | Toma lá vinte mil reizitos
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tree | e vai coiso".
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tree | Ele gostava muito duns copinhos,
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tree | ia beber vinte mil reizinhos de vinho.
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tree | outro dia: "Espera lá,
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tree | vai lá aqui a casa,
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tree | toma lá um alqueire de farinha".
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tree | contentando com essas merdas,
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tree | filho dum cabrão deixou passar aquela merda toda,
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tree | não apanhou nada.
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tree | Não apanhou nada.
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tree | |
tree | INF Davam-lhe um Deram-lhe um alqueire de farinha,
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tree | uns vinte mil réis.
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tree | Era o pai do Homero, guloso!
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tree | |
tree | INF Guloso!
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tree | Vinte mil reizinhos.
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tree | "Toma lá cinco,
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tree | toma dez".
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tree | Lá os da Peroguarda e os outros mamaram a Alagoa,
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tree | mamaram a Senceira,
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tree | mamaram isso tudo. Tudo gajos ali que não tinham falta nenhuma daquilo.
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tree | E este, parvalhão,
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tree | não apanharam nada.
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tree | Não apanharam nada.
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