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CPT11

Carrapatelo, excerto 11

LocalidadeCarrapatelo (Reguengos de Monsaraz, Évora)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Hermes

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INF Parte das vezes não me quero lembrar do meu tempo. Como eu me vejo hoje?! Não senhora! Não me quero lembrar do meu tempo sequer ao menos. E ela era rica! Mas dançava comigo aquilo eu sei ! Parece que ela que me tinha por família. Eu também dançava bem! Pois, eu sabia também divertir-me. E ela também. Um ano, no patrão onde eu estava, fomos ter uma uma pândega, assim um [vocalização] para uma herdade que o meu patrão tinha arrendada, aonde foi ela e [vocalização] e foram mais outras, e foram as filhas do meu patrão. E depois chegou-se à horas de comer, e [vocalização] e elas quiseram ir mais eu que estava um cabanão de mato ao lado do monte , quiseram ir [pausa] para aquele cabanão, não sei se sabem o que é?

INQ1 Eu não.

INF É uma alpendorada de mato.

INQ2 Rhum.

INF Pois. Quiseram ir para além, para estarem à vontade mais eu. Cantávamos e conversávamos e isto e aquilo. E depois por força que eu que me havia de embebedar. "Eu não me embebedo, que eu logo tenho que levar a parelha". Era ao da caseta de São Leonardo, além de Mourão para [pausa] é que era.

INQ1 Ah!

INF Tínhamos que vir pelos Monturinhos.

INQ1 Pois.

INF "Eu não" Digo: "Eu não bebo mais vinho porque eu depois não sou capaz de levar a parelha". "Mas há-de beber, e há-de beber, e há-de beber". "Não bebo, não bebo". "Há-de beber". "Não bebo. Não bebo mais". As minhas patroas foram dizer ao pai: "Pai, o Hermes não quer beber mais vinho. Sabe porquê? Porque não se quer embebedar por mor da parelha". "Diz que beba à vontade". Mas eu, mesmo assim, não me convenci. Não senhor! E tornaram a ir outra vez. "Digam que beba à vontade que não tenha receio". Tanta vez foram que ele foi a dizer-me.


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